18 anos ao serviço do Desporto em Portugal

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Hélder Vicente

Wrestler, Treinador e Árbitro abandona Portugal
 
 
 
 
Como e onde iniciou a modalidade? O que o levou a optar pela modalidade?
Comecei a modalidade no Galitos Futebol Clube no Barreiro, por intermédio de uns amigos que praticavam a modalidade, decidi experimentar gostei e cá ando.
 
Descreva um pouco a sua carreira como Wrestler.
Iniciei a minha aventura nesta modalidade um pouco tarde, entrei como cadete, sem passar pelos escalões de formação, que passados estes anos de luta, acabei por sentir falta. Passei por alguns clubes, como o Galitos FC, o Santoantoniense Futebol Clube, o Ginásio Atlético Clube, a Sociedade de Cultura e Recreio 1ºAgosto Paivense, o Grupo Desportivo e Cultural Conde 2 e por fim pela Sociedade Recreativa Baixa da Serra. No meio desta aventura, foi influenciado pelo estigma do Futebol, onde pratiquei durante um ano, quando regressei foi para não mais parar, já lá vão 12 anos de combates.
 
Que títulos obtêm como Wrestler?
O normal, para um atleta como eu, várias épocas como Campeão Regional e uns tantos como Campeão Nacional, entre outros torneios pelo meio.
 
O que lhe falta fazer como Wrestler?
Muitas coisas… mas das principais era representar a Selecção Nacional e defender as cores lusas.
 
Que cargos desempenhou na Luta?
Comecei como Atleta, de seguida tirei o Curso de Treinador, depois o de Árbitro e também fui Dirigente num dos clubes que passei.
 
Tirou o Curso de Treinador e de Árbitro, com que ambições?
O Curso de Treinador, concluiu para tentar transmitir alguns dos conhecimentos que adquiri ao longo dos anos e conseguir levar alguns Atletas à Selecção Distrital e Nacional, mas, acho que ainda existe uma barreira que não deixa muitos Atletas Masculinos, da Região de Setúbal, vestirem as cores Nacionais e não me parece que seja por falta de qualidade… mas ainda não percebi qual é o problema. O Curso de Árbitro, primeiro de tudo foi pela falta de Árbitros e para ter mais conhecimentos da modalidade para falar com conhecimento de causa, mas entretanto desisti.
 
Porque desistiu de ser Árbitro?
Ser Árbitro é uma função muito complicada que implica um grande espírito de sacrifício, boa vontade o que por vezes acaba por ser ingrata, e que se pode perder algumas amizades. Mas o que me levou a desistir foi, a falta de interesse dos responsáveis pelo desempenho do Árbitro em competição, ser Árbitro não é um encontro de amigos, quando acaba uma competição ninguém se fala, não se tenta ajudar a evoluir, não há interesse em ajudar. Assim é complicado conseguir-se grandes evoluções e conseguirmos bons Árbitros, porque os mesmos acabam por desmotivar.
 
A seu ver o que é preciso para se ser um bom Árbitro?
Para se ser um bom Árbitro, primeiro que tudo tem-se que gostar da modalidade, segundo trabalhar/treinar, é como para ser um bom atleta, tem que se treinar regularmente, a mesma coisa se devia passar na Arbitragem, não pode ser só uma vez por semana, depois de uma competição tem-se que fazer um rescaldo do trabalho feito e corrigir erro.
 
Que Torneio Nacional e Internacional gostava de arbitrar?
Adorei arbitrar o Campeonato Nacional por Equipas e a nível Internacional gostava de arbitrar um Campeonato Europeu.
 
Como Treinador, que clubes treinou e que êxitos alcançou?
O meu primeiro clube como Treinador foi a Sociedade de Cultura e Recreio 1º de Agosto Paivense, no ano de 2007, juntamente com o João Vitor Costa, onde conseguimos um ano surpreendente, obtivemos alguns Campeões Regionais e Nacionais, participamos em duas provas internacionais com bons resultados, participamos no Campeonato Nacional por Equipas onde obtivemos o 5º Lugar e ainda conseguimos colocar dois atletas na Selecção Distrital, em 2008, ainda no Paivense fiquei a treinar sozinho e contra todas as expectativas, consegui na Taça de Portugal chegar com mérito à Final contra a Casa Pia AC, onde saímos derrotados, mas, foi muito positivo para a Equipa, também tive Campeões Regionais e Nacionais. Em 2009, treinei o GDC Conde2 que foi uma experiência falhada, pela minha falta de tempo, mas, ainda consegui um Campeão Regional e Nacional.
 
Em praticamente dois anos como Treinador da SCR1ºA Paivense, participou no Campeonato Nacional e na Taça de Portugal, ambos por Equipas. Que concelho dá aos futuros treinadores que queiram participar nesta provas? Ou como e possível participar nestas provas em apenas dois anos?
Foram duas provas que gostei imenso de participar, aumenta o espírito de grupo e dá motivação para o resto da época, na primeira época consegui participar pela transferências de muitos atletas mais velhos, já no segundo ano muitos atletas subiram de categoria, de Cadetes para Juniores, uma equipa jovem para completar o lote tive que fazer o duplo papel Treinador-Atleta. Só assim foi possível, mas é preciso fazer sacrifícios pessoais para fazer um bom trabalho.
 
Qual é para si a melhor prova realizada pelos clubes? E pela Federação?
Prova para mim era sem dúvida o Torneio Internacional de Sesimbra, que era organizado pelo GDC Conde2, juntava os nossos clubes com outros clubes de países diferentes, prova bastante competitiva. Pela FPLA, são as provas por Equipas, como disse anteriormente, dá um gozo enorme.
 
Foi cúmplice da organização de um Torneio que poderia revolucionar a Luta, o que acha do Wrestling All Star ter terminado?
É pena, era uma prova que todos os Atletas queriam participar e criava combates bastantes interessantes, pela a ausência de categoria de peso, o objectivo do WAS era encontrar o vencedor dos vencedores, basicamente encontrava-se o Melhor Atleta Português. Alguns Treinadores não gostavam muito, porque em certas fases, havia uma grande diferença de peso, mas só assim se podia ver quem é o melhor.
 
Há um ano, esteve integrado na Lista A, como Relator do Concelho Jurisdicional, a concorrer para os Corpos Gerentes da Associação de Lutas Amadoras do Distrito de Setúbal. Como viveu a não-aceitação da única lista nessas Eleições?
Quem ficou aperder foi a ALADS, porque acabou por ficar sem Corpos Gerentes. Agora existe uma Comissão Administrativa, que não sei se está em funções ou não, fora isso, acabei por ver um pouco de falta de vontade dos vários Agentes da modalidade a não quererem ajudar a modalidade.
 
Que alegrias e desilusões lhe deu a Luta?
De muitas, as melhores foram de ver Jovens que estavam “desencaminhados”, conseguirem encontrar um suporte e/ou um escape nas Lutas. As desilusões aparecem, quando vejo, todos os Agentes da modalidade, a não querem a evolução da Luta.
 
Está a pensar em Emigrar para a França, vai procurar um Clube local com a modalidade?
Sim, vou Emigrar para França, com muita pena, mas, provavelmente vou procurar um clube e implementar lá a modalidade, se já não a tiver.
 
A Luta é um desporto pouco divulgado a nível nacional, na sua opinião, porque é que isso acontece?
Começa logo no nome, Lutas Amadoras, não é nada apelativo “Lutas” e para ajudar “Amadoras”. Já ouvi muitos Pais – “…eu pôr o meu filho na Luta”, é um dos problemas. Há alguns meios de comunicação que divulgam as Lutas, mas, pode ser feito mais, dou dois exemplos – Desporto Escolar e Materiais Didácticos de ensino aos mais novos.
 
O que deve melhorar na Luta?
A atitude dos vários Agentes, que grande parte das vezes parece que não percebem nada da modalidade, porque em vez de melhorar, pioram as condições para outros trabalharem. Têm que perder o orgulho e ir a trás dos indivíduos que tem amor pela Luta e que querem fazer algo por ela.
 
Que acha do projecto do Blog Mundo da Luta Olímpica?
Está um projecto bem conseguido, podemos ter as novidades e todas as notícias da Luta, algo interessante é darem a palavra a todas as pessoas, espero que continue por muitos anos.
 
Partilhe connosco uma história desta modalidade que o tenha marcado.
As histórias que mais me marcam, são quando existem certos Árbitros que utilizam a sua posição para prejudicar claramente certos Atletas e Treinadores…não vamos longe assim.
 
Que última mensagem gostaria de deixar aos leitores desta entrevista?
São umas dúvidas que tenho e são perguntas retóricas, 1ª - “Porque existem tantos Treinadores com experiência nas Lutas que não estão no activo?”, 2ª - “Porque os mesmos não são aproveitados para promover a modalidade?”, 3ª - “Haverá pessoas que não querem a evolução da modalidade para não terem trabalho?”, 4ª - Porque tentam criar barreiras a quem quer dar algo pela modalidade?”, 5ª - “Gostamos de ver os nossos Atletas a passear nas grandes competições?”, se queremos fazer boas figuras e representar bem a modalidade a todos os níveis, é preciso trabalhar, se não querem trabalhar dêem a vez a quem quer. Obrigado.
 
 
Obrigado Hélder Vicente pelo tempo disponibilizado e por ter respondido a estas perguntas de um modo aberto e sincero.

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024 – 15:49:04

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