Professor de Educação Física e Treinador da Federação Portuguesa de Ténis.
Responsável na Federação pela coordenação do programa “Jogar Sentado”, pelo programa de introdução do Ténis na Escola e pela organização técnica dos Campeonatos Regionais e Nacionais de ténis do Desporto Escolar e ainda pela organização dos Campeonatos Nacionais de todos os escalões etários individuais e por equipas.
- Como e quando foi a sua primeira experiência no ténis sentado?
A minha primeira experiência foi um curso para treinadores de ténis em cadeira de rodas (TCR), que aconteceu há uns 20 anos no Lisboa Racket Center.
O formador desse curso foi o Fred Marx, holandês e treinador do Clube.
Como se sabe a Holanda é um país com forte tradição nesta modalidade.
Depois tenho estado presente em quase todas as formações que por cá se fazem, algumas das quais com bastante qualidade.
Já cá tivemos o nosso amigo espanhol David Sanz, grande especialista da modalidade.
Finalmente comecei por ajudar a organizar algumas acções, devido á minha função na Federação e às tantas senti que estava a contribuir com o meu trabalho e o meu saber para uma causa social de grande dimensão.
O meu relacionamento, desde sempre, com o Paulo Espirito Santo acabou por determinar o meu envolvimento total.
- No seu ponto de vista, qual a situação do ténis em cadeira de rodas, em Portugal?
Apesar de já há sete anos se disputar o Campeonato Nacional, os intervenientes tem sido sempre os mesmos 7 jogadores.
3 dos Açores, 2 de Pombal, 1 de Lisboa e 1 de Setúbal.
De destacar a presença em todos estes eventos da Ana Sofia Martins que tem integrado sempre o quadro dos homens o que torna este Campeonato no único Nacional misto.
Isto quer dizer que o TCR não evoluiu nunca em Portugal.
Só agora, graças ao programa “Jogar Sentado” e ao patrocínio da “Fundação EDP”, se vislumbra a possibilidade desta modalidade ser alargada a outras pessoas portadoras de deficiência.
Com a promoção que temos feito nestes últimos meses já abrimos a porta a mais gente que tem vindo experimentar jogar connosco.
- Qual o número de tenistas em cadeiras de rodas federados? Representam a totalidade desse sector específico, a nível nacional?
Temos, neste momento, sete jogadores federados e cerca de dez a iniciarem-se na modalidade.
- No que se traduz o programa “Jogar sentado”?
O programa “Jogar Sentado” é o promotor da modalidade e tem uma grande abrangência, pois contempla a promoção, as demonstrações em escolas, em centros de reabilitação, em clubes e em todos os locais onde isso for possível, a formação de treinadores e de jogadores, a produção em português de publicações técnicas a propósito, um calendário de competições onde se inclui o “Circuito Fundação EDP” e o Campeonato Nacional e ainda a Selecção Nacional que terá estreia absoluta no próximo Campeonato do Mundo em Inglaterra.
- Como decorreu a última edição do campeonato nacional?
A última edição do Campeonato Nacional foi provavelmente a mais rica até agora realizada não só pela forma técnica como os jogadores se apresentaram, como pela organização em si, onde zelámos cuidadosamente por todos os detalhes, como ainda pelo mediatismo que o envolveu.
Foi realizado em simultâneo com o “Masters FPT/CIMA”, usufruindo de toda a estrutura organizativa e de um local, o Pavilhão da Quinta dos Lombos em Carcavelos, cujas instalações e apoio logístico devem ser das melhores no País.
- A vitória de Carlos Leitão no citado campeonato, depois do hexa-campeonato conquistado por Paulo Espírito Santo pode constituir um ponto de viragem para o ténis em cadeira de rodas português? Se sim, em que medida?
Foi de facto surpreendente a vitória do Carlos Leitão, que superou todas as expectativas e deu um cariz ao Campeonato completamente fora dos parâmetros a que estávamos habituados.
Foi um ponto de viragem muito importante e abriu os horizontes de todos os outros jogadores para além de ter dado origem a diversas reportagens que promoveram só por si a modalidade.
Calhou numa boa altura, pois tínhamos acabado de assinar o protocolo com a “Fundação EDP” e ajudou-nos a arranjar alento para cumprirmos com o que ali está escrito.
O Paulo Espirito Santo tinha jogado muito ténis antes do acidente o que lhe dava um ascendente técnico difícil de ultrapassar.
O Carlos Leitão e o seu treinador Luis Faria tiveram que trabalhar muito para atingirem esta soberba vitória.
Este factor cria, a partir de agora, uma incerteza saudável acerca de quem poder vencer e dá novas perspectivas a todos os outros jogadores.
- Como perspectiva a participação portuguesa no próximo Campeo
nato do Mundo que decorrerá em Inglaterra, no próximo Verão?
A Selecção é um meio para atingir um fim.
Aqui a pirâmide de divulgação está virada ao contrário.
É um meio que nos proporciona um maior mediatismo.
Por outro lado esta organização pretende premiar o esforço de quem anda a jogar há sete anos consecutivos e pretende introduzir uma nova dinâmica neste processo.
O resultado final é o que menos nos preocupa apesar de nos interessar.
Representaremos o País de uma forma certamente digna e para isso estamos a trabalhar tanto quanto nos é permitido pelas nossas vidas profissionais e pelo orçamento de que dispomos que é, escusado será dizer, curto.
Traremos de lá muita informação para darmos continuidade ao trabalho que estamos a desenvolver.
- Que conselhos deixa a um(a) deficiente físico(a) que pretenda praticar ténis?
Aconselho-o, neste momento, unicamente a entrar em contacto com a Federação através do mailEste endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar..
Dar-lhe-emos toda a informação de que necessita.
Esperemos que rapidamente esta informação possa ser dada pelas nossas 13 Associações Regionais.