Santiago Sanz
(Espanha)
Atletismo
Quem é Santiago Sanz
Santiago Sanz Quinto
Data de Nascimento: 18 de Setembro de 1980.
Lugar de Nascimento: Albatera (Alicante).
Lugar de residencia: Albatera, Alicante (Espanha).
Estatura: 176 cm. Peso: 51 Kg.
Presença em Grandes Provas
Participações 7 (2 Olimpíadas, 2 Mundiais, 3 Europeus)
Medalhas 17 ( 9 ouro, 5 bronze, 3 prata)
RECORDES MUNDIAIS DE SANTI
DATA
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EVENTO
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LOCAL
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TEMPO
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4-07-05
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10000m estrada
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Atlanta (USA)
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24´14´´4
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24-01-06
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5000m
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Sydney (Australia)
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12´57´´94
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1-07-06
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5000m
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Atlanta (USA)
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12´45´´53
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4-07-06
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10000m estrada
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Atlanta (USA)
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24´09´´6
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6-07-06
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5000m
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London (Canadá)
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12´37´´07
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26-08-06
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800m
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Arbon (Suíça)
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1´58´´15
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16-03-08
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Meia Maratona
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Lisboa (Portugal)
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52´23´´
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2-06-07
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1500m
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Albacete (Espanha)
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3´36´´35
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16-06-07
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10000m estrada
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Toronto (Canadá)
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24´03´´6
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26-06-07
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5000m estrada
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Cedartown (USA)
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11´56´´6
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30-06-07
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800m
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Atlanta (USA)
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1´56´´26
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30-06-07
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1500m
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Atlanta (USA)
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3´36´´04
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4-07-07
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10000m estrada
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Atlanta (USA)
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23´27´´
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Santiago conseguiu até agora bater 13 Recordes do Mundo
Quando começou a competir a nível mais elevado? Porquê?
Quando eu tinha 13 anos de idade, comecei a andar com a minha cadeira de rodas pela minha cidade (Albatera), era uma boa actividade para combinar com os meus estudos. Naquela época, eu era um mau estudante e isso funcionava como que uma motivação para mim. É um bom sentimento, lembrar-me das longas jornadas que eu fazia, por divertimento, na minha região.
Por volta dos dezasseis anos, comprei a minha primeira cadeira de competição e comecei a treinar com a minha primeira treinadora - Veronica Segura -, que me começou a treinar para os 100 e 200 m. Esse foi, realmente, um ponto de sucesso da minha carreira desportiva. Comecei nas provas de sprint e, passo a passo, seguindo uma progressão metodológica, passei para o meio fundo, até aos 5000 m, que é a distância que eu treino agora. No próximo ano, começarei a treinar os 10000 m.
Fê-lo por paixão ou para mostrar ao mundo que, apesar da diferença, pode ganhar?
A minha profissão, é o meu segundo amor, depois da minha namorada e da minha família.
Amo o meu trabalho e tudo o que o rodeia, talvez devido à minha formação em Ciências do Desporto, mas, o sentimento que eu tenho pelo atletismo é muito difícil de descrever.
Por vezes, um jornalista fica comigo durante um dia e acaba dizendo-me “Se todas as pessoas fossem trabalhar com um sorriso igual ao seu, este mundo seria realmente diferente”.
Em que “classe” (T…) compete? Que tipo de deficiência física tem?
A minha classe é a T-52, onde correm os atletas com problemas no tronco, braços e pernas.
Sofro de uma doença neuromuscular congénita chamada Charcot Marie.
Pode ser descrita, sumáriamente, como uma má, ou deficiente, ligação entre o nervo e o músculo.
Nasceu com essa deficiência?
Foi-me detectada quando eu tinha dezoito meses.
Quantas horas por dia treina? Que precauções principais toma com a alimentação?
O meu programa de treinos é muito “agressivo”.
Aplicamos o método queniano e isto significa treinar duas vezes por dia entre Segunda e Sábado.
Ao Domingo, fazemos uma sessão de recuperação activa.
Para ter uma ideia, este ano, durante as primeiras 22 semanas, não tive um único dia livre.
Para chegar a esta situação, tive que seguir uma muito boa progressão, porque, quando tinha quinze anos, só treinava três ou quatro vezes por semana, e, até aos dezoito, nunca fiz qualquer sessão bidiária.
Este ano, durante quatro semanas (em Fevereiro), completei 65 sessões, preparando a Meia-Maratona de Lisboa.
Numa época (49 semanas), completo 500 sessões e cerca de 7000 / 8000 kms, mas, posso dizer que tiro três semanas “de folga” e não faço nada mais do que estar com a minha familia e comer toda a comida “que não presta” que eu possa comer devido à minha dieta restrictiva.
Qual o seu maior feito atlético até agora? Porquê?
Há muitos grandes momentos, mas, eu escolheria as finais dos 800 e dos 1500 m nos Campeonatos do Mundo.
A minha familia estava lá a ver-me e, para mim, foi uma grande satisfação dar-lhes tudo o que eu podía.
Também o recorde do Mundo, na Taça do Mundo, em Arbon (Agosto de 2006) foi muito especial, porque a familia do meu treinador, a minha namorada e os meus país estavam lá. Foi uma grande festa.
Em que provas vai participar nos Jogos Paralímpicos de Pequim? Quais são as suas metas/ambições para esses jogos?
Vou correr os 800 m e a maratona, porque os 1500 e os 5000 m foram retirados do programa.
Estarei muito veloz e espero lutar pela vitória, nos 800 m.
Vejo a maratona como uma lotaria, mas, eu gosto dessa prova.
Estarei preparado para ganhar.
É um corredor profissional ou tem outro emprego também?
Desde 2003, estou totalmente dedicado ao atletismo, porque há cinco empresas que apoiam o meu projecto profissional e estou muito orgulhoso disso.
Uma das empresas é alemã e outra é norte-americana, pelo que se pode considerar um projecto mundial (risos).
Que condições tem para treinar?
Posso dizer que a minha cidade é um dos melhores lugares onde eu alguma vez treinei.
Durante a semana, combino quatro sessões nos estádios do Alicante e do Elche, com todas as sessões de estrada em Albatera.
A outra vantagem é o clima mediterrânico, muito quente durante todo o ano e perfeito para a minha profissão.
Quando necessito de estar realmente focado no treino, faço as minhas malas e meto-me no avião, para fazer um estágio durante 20 ou 40 dias.
Que apoios tem (patrocinadores, etc)?
Como referi anteriormente, tenho um “management” privado que se divide em duas categorias (apoiantes e patrocinadores) e também tenho o apoio do Comité Paraolímpico Espanhol, devido aos resultados que consegui competindo pela selecção nacional.
Qual a sua opinião sobre o recente Campeonato do Mundo em Lisboa?
É muito bom para se conseguir um bom tempo, mas, eu preferiría um pouco mais “acidentado”.
De qualquer maneira, se estivermos em forma, pode ser um bom teste para as corridas da Primavera.
E o que achou da organização?
Só posso dizer muito obrigado ao José, ao João e a todos os organizadores e voluntarios.
O atleta não se aborrece com nada e só faz o seu trabalho (treinar, descansar e correr).
Talvez o transporte, no dia da prova, possa ser pontual , no próximo ano.
Na sua opinião, que devem fazer as organizações de provas similares em Lisboa?
Ficaria feliz se Portugal e Espanha pudessem organizar uns Jogos Mundiais para juniores, para que todos aqueles jovens que não sabem nada sobre o desporto em cadeira de rodas pudessem ter uma boa experiência que os fizesse envolver no nosso mundo.
Isso poderia ser fantástico.
Também poderia ser bom, organizar um campo de treino, uma semana antes da Meia de Lisboa.
Seria interesante para os atletas que vêm de longe, que veriam em Lisboa um bom lugar para incluir no seu calendário de treino e de corridas.
Concorda com a pretensão de Óscar Pistorius de competir nos Jogos Olímpicos de Pequim, apesar de ele ser duplo-amputado e correr com próteses leves e aerodinâmicas?
Na minha opinião, o estudo da Universidade de Colónia é muito contraditório, porque não faz referencia â sua propulsão, mas, afirma que a sua fisiología é diferente (menor Vo2max), mas, quem não tem um menor Vo2, correndo com menos massa muscular do que um atleta?
Esta é a questão, se Óscar tem vantagem na sua propulsão (perdendo menos energía ou aplicando mais energía na superficie).
Porque é que ele tem uma maior frequência no seu ciclo de corrida?
Penso que alguns atletas têm receio que este rapaz “kick his ass”.
As opiniões dos media e dos atletas comuns sobre esta situação, é tão estúpida.
O que eu mais detesto são aquelas pessoas que dão a sua opinião sem qualquer conhecimento científico (tão comum nos países latinos).
Eu digo “Força Óscar e continua com os teus propósitos.
Que mensagem gostaria de deixar para os cibernautas que leiam esta entrevista?
Só posso dizer que todos os vossos leitores devem tomar atenção a este tipo de entrevistas.
Eles podem ver diferentes pontos de vista dos atletas.
Quero dizer-lhes que todo o sucesso que obtive na minha carreira só foi possivel devido ao trabalho desenvolvido por todos os que trabalham comigo (Gabriel Brizuela, Susana Segrelles, Javier Soro, Ana Orts e Pedro Victor Sanz).
Graças a eles, eu posso ser uma melhor pessoa e atleta a cada dia que passa.