Quase a terminar o meu período de convalescença, depois da “escorregadela” em S. Pedro do Sul, recebi uma intimação, por parte da minha mulher, no sentido de lhe prestar um serviço de “chauffeur” às Terras do Demo.
Franzi o sobrolho e argumentei: “Queres que te leve aonde? Eu não me aventuro em lugares infernais.” E ela logo toda irónica: “Daah!! Pois não sabes o que perdes, mas para tua informação, Terras do Demo é o título duma obra do Aquilino, sobre Moimenta da Beira (seu inculto!). E é lá que o Orimarão vai encerrar a época.”
Glup! Engoli em seco e disfarcei: “O que vou lá fazer se ainda não posso correr? Figura de corpo presente?” (sinónimo de morcão). Ela estava embalada e retorquiu: “Também aquilo que corres…”. Ui!!! Que dor lancinante, bateu-me no ponto certo, o orgulho do “espécie”. Ora bem, já deu para perceber que mesmo ao “pé coxinho”, lá fui de armas e bagagens para as terras de Aquilino.
Mas esta jornada, nos “domínios” do Demo, mexeu comigo! Até me deram uns calafrios brrrr…. (cruzes canhoto). Não se deve evocar o nome “dele” em vão e muito menos “tratá-lo” pelo diminutivo. Tenho muito respeitinho pelo “senhor das trevas” e estou plenamente convencido, que o “dito cujo” andou a mexer os cordelinhos, durante todo o fim de semana.
A “sua” acção fez-se logo sentir, ao “amedrontar” de tal forma o pessoal, que apenas compareceram pouco mais de uma centena de participantes. No que me diz respeito, depois de algumas rezas e benzeduras (arreda Satanás), resolvi inscrever-me no OPT2, com a ideia de fazer um passeio. Tive algum receio que os percursos do meu escalão fossem fisicamente exigentes (que não foi o caso), o que poderia deitar por terra a minha recuperação.
No primeiro dia, a influência “daquele que vós sabeis”, não se fez esperar. A prova decorreu na Quinta do Ribeiro, num terreno bem acessível, com bastantes pormenores, que bastante facilita a orientação, mas como o seguro morreu de velho, iniciei o percurso a passo. Depressa me entusiasmei e quando dei por mim, já estava a correr (ou a fugir?). A dor do pé era incomodativa, mas não impeditiva.
Dado que o traçado era fácil, rapidamente cheguei à parte final e aí o Demo “atacou”. Saio do ponto 14 e digo para os meus botões: “só falta o 200”. Pois…o 200 e mais algum! Ultrapasso um muro, “dou de caras” com o ponto “141”, “este não é meu” e todo feliz e contente sigo para o 200.
“Você tem mp!!!” ??? “Que disse?” – “Não marcou o 141”. Com o choque deixei cair o iogurte e a maçã. Não querem lá ver que me deu uma branca e pura e simplesmente, “decidi” que só tinha 15 pontos! Mas a culpa foi do Demo, não do “espécie”! Tudo resultado das influências maléficas que pairavam naquele cenário magnífico (nem levei a sinalética). Então faço um sacrifício dos “diabos” para participar, baixo o meu nível para um OPT, só para brincar e cometo um erro de palmatória? Ah Demo seu maroto! Para ficar ainda mais deprimido, o tempo realizado era dos melhores (dos piores).
Não obstante, em termos classificativos nada mais ter a dizer, ponderei se haveria de ir à nocturna (há quem diga que o “estafermo” é noctívago ), até porque o pé me doía um pouco, mas este “espécie” tem umas motivações diferentes da maioria (tipo penitências) e à hora marcada, disse presente.
Fui, mas não devia. O Demo estava lá e fez novamente das suas. E que boicote! Por artes do “demónio”, os códigos dos pontos desapareceram dos mapas da prova. Um mapa, que deve ter passado por meia dúzia de mãos, estava mal impresso. Ora digam, que isto não parece ter mãozinha do “diabrete”. Não se dando por satisfeito, ainda fez desaparecer uma baliza pertencente à maioria dos percursos. Mesmo assim decidi fazer a prova, tendo conseguido terminar sem mp, facto que despoletou mais uma acção “diabólica”, desta vez por parte da organização, que decidiu anular os resultados desta etapa. Cá para mim estava tudo “possuído” (nem chamando o Padre Fontes).
O positivo da situação, é que fiz um sprint razoável e o pé nem me incomodou por “aí além”. Senti-me capaz de fazer a etapa do dia seguinte, com pena de não estar inscrito no meu escalão, porque tinha a sensação de que não iria ter problemas de maior. A motivação foi a mesma. Parti para o derradeiro percurso, como de uma prova a doer se tratasse. O terreno era o mesmo do dia anterior, apenas com a ligeira variante de os pontos serem um bocadito mais técnicos. À terceira foi de vez e consegui um percurso limpo e seguro (estive sempre atento, não fosse “ele” aparecer, num qualquer ponto de cota).
Decididamente, as gentes das Terras do Demo são “pecadoras”, o que não admira nem deslustra, atendendo à “companhia”. E fazendo jus, a gula é o seu maior defeito (ou virtude?), pelo que banquetes e “tainadas” são uma das suas especialidades. Seguindo esta tradição, a organização foi obrigada pelo “senhor do mal” a brindar-nos com dois festins. No sábado uma espectacular panóplia de enchidos e no domingo com uma churrascada à moda de Moimenta (com todos os matadores). Estou em crer, que esta foi a forma, muito subreptícia, que o Demo encontrou para decretar tréguas e pedir desculpas de todas as “diabruras” cometidas.
Da minha participação, posso retirar duas conclusões: que a lesão está quase debelada e não fora o “ponto demoníaco” do primeiro dia, os resultados, que tinham um interesse secundário, acabariam por ter sido excelentes. *“Também, só se for em OPT seu falhado”.* Mas quem é que disse isto? Mau…estarei a ouvir vozes ou… (“está alguém aí?”)