Estar em forma está na moda! Principalmente agora, que o Verão se aproxima a passos largos. Mudam-se vontades, mudam-se comportamentos e as maiores alterações, nesta época, reflectem-se sobretudo na mudança de hábitos alimentares ou na prática mais frequente de actividade física. Esta é uma fase onde a nossa consciência desperta para muitos erros cometidos e costumes menos saudáveis que foram sendo adoptados durante grande parte do ano.
Ainda que seja muito agradável, para quem trabalha na área do exercício e da saúde, verificar o aumento do índice de práticas de vida saudável, a verdade é que os profissionais mais experientes sabem que este é, em muitos casos, apenas mais um ciclo que terminará assim que o Verão findar. Porque é que isto acontece? Provavelmente porque a grande motivação, que tem por base estas alterações, é condicionada por factores externos aos indivíduos que as adoptam, quantas vezes supérfluos, como por exemplo a aparência estética. Perder peso, hipertrofia, melhoria do tónus e definição muscular são os objectivos mais procurados nesta altura, e quem trabalha na área da prescrição de exercício e da nutrição sabe-o bem. É por isso que a busca de todo o tipo de métodos e soluções, de preferência com resultados rápidos e visíveis, aumenta tanto nesta época. O Verão está à porta e estar em forma, ou pelo menos aparentar, é imperativo.
Um autor desconhecido define a insanidade como “o acto de esperar um resultado diferente quando se faz precisamente a mesma coisa”. No fundo é isso que acontece a tantos de nós, quando assumimos os mesmos comportamentos de sempre e ficamos à espera de novos resultados. Esta atitude sazonal com que nos deparamos assim que o sol aparece e a temperatura aumenta, na qual muitos se revêem certamente, exige alguma reflexão. Tente por isso responder às seguintes questões:
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É a sua saúde e bem-estar uma prioridade?
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Costuma fazer exercício regular durante o ano todo? Tem uma alimentação equilibrada habitualmente?
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Se começou a fazer dieta ou exercício físico recentemente espera obter resultados palpáveis em dois ou três meses?
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Está convencido que vai perder peso ou gordura só porque começou a fazer umas caminhadas ao fim do dia ou porque se inscreveu no ginásio ou piscina que até frequenta 2 ou 3 vezes por semana?
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Acha mesmo que o tipo de exercício que faz é o mais adequado para atingir os seus objectivos? E a intensidade, será suficiente?
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Quantas tentativas fez anteriormente para atingir os seus objectivos com dieta ou exercício? Deram resultado? Os resultados mantiveram-se consistentes durante quanto tempo?
Poderíamos falar bastante em exercício físico ou em dietas para aprofundar este tema, mas preferimos falar em motivação, mudança de atitude e aquisição de novos hábitos.
Hoje em dia vivemos numa época de apelo ao consumo e satisfação do prazer imediato. Hoje é tudo simples, rápido e instantâneo. Comida instantânea, crédito na hora…dietas rápidas, exercício sem esforço (com aparelhos que fazem o exercício por nós) e agora até muitos procuram a riqueza imediata.
A riqueza é um investimento de longo prazo, não um investimento de curto prazo. Qualquer pessoa que deseje isso ardentemente, tem que permanecer em jogo o tempo suficiente e ser consistente, para verificar e conseguir sentir o efeito acumulativo do retorno do investimento feito. Isto é válido para a riqueza económica, profissional, mas acima de tudo para a maior riqueza que podemos ter – A SAÚDE.
Culturalmente não somos educados para investir a médio e longo prazo. Preferimos o curto prazo, por isso muitos não conseguem perceber que para ter sucesso, em tudo na vida, é preciso trabalho e persistência. Sim, tudo isto é parte de um efeito acumulativo, reflexo da consistência e continuidade nos nossos comportamentos e atitudes, contudo a maior parte das pessoas não fica o tempo suficiente para ver os resultados acumulados do seu investimento surgirem. Nos ginásios, por exemplo, poucos são os que ultrapassam a barreira dos seis meses de permanência em programas de exercício físico. No entanto a maioria chega cheia de objectivos e muita vontade de mudar alguma coisa na sua vida.
Costuma dizer-se que o único local onde “sucesso” aparece primeiro que “trabalho” é no dicionário, e é bem verdade!
Existem também os que julgam que o sucesso é uma divindade externa, algo que não controlam, e focam-se muito nisso. Procuram soluções fora do seu campo de influência quando deveriam estar focados naquilo que podem controlar. Quem é que orienta a nossa vida, nós ou os “outros”?
A motivação consiste em aumentarmos a nossa predisposição para lutarmos por metas estabelecidas. É energia, força para agirmos, para não nos rendermos, para perseverarmos. É desfrutarmos de algo, recrearmo-nos, divertirmo-nos, deleitarmo-nos com actividade.
Existem dois tipos de motivação, intrínseca e extrínseca. A primeira nasce connosco. Trata-se da energia que sentimos ao realizar algo pelo puro prazer. Está relacionada com o entusiasmo, que no fundo é o êmbolo que move tudo. A segunda está relacionada com a obtenção de recompensas externas, que uma vez satisfeitas deixam de gerar a energia motivadora. As recompensas externas ou a dependência de terceiros, neste tipo de motivação extrínseca, acaba por destruir o nosso sentimento de controlo e por conseguinte provoca o desaparecimento da motivação inicial ou acaba por converte-la numa motivação deficiente.
É esta motivação extrínseca que induz tantos embarcar em dietas rápidas, que até produzem resultados no início, mas que na sua maioria acabam no célebre efeito “iô-iô”. É também uma motivação deste género que faz disparar as inscrições nos ginásios e academias nesta época do ano, que depois nem 6 meses duram.
Queremos tudo rápido e sem esforço!
Convença-se que não vai receber mais do que está disposto a dar. Quer ter saúde? Bem-estar? Um corpo bonito e funcional? Quer manter ou perder peso? Então faça-o! Depende sobretudo de si, da sua vontade e capacidade de ultrapassar as barreiras e dificuldades. No investimento que está disposto a fazer em si próprio.
No final é o seu corpo e a sua saúde que vão agradecer esse investimento, com um retorno que será visível meses e até anos depois.