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027 - Artigo

“Transforme a gordura em músculo” é uma frase muito comum quando se tenta vender um determinado produto ou programa de exercício para emagrecer. E são muitos os que acreditam nesse mito, nesse milagre da transformação. Pois bem, desengane-se! A gordura não se transforma em músculo. A gordura é apenas um dos substratos energéticos que alimenta o mecanismo fisiológico de produção de ATP. O ATP é o verdadeiro combustível que torna possível a contracção do músculo e que, como consequência, liberta calor. Esse calor é quantificado em calorias. As calorias são libertadas nos processos metabólicos de manutenção dos órgãos, tecidos do organismo e durante a contracção muscular. É o exercício físico que, com intensidade e frequência adequada, estimula o crescimento muscular. A gordura apenas irá fazer parte de um dos processos de produção de ATP que, esse sim, permitirá a contracção muscular e a produção de calor. Acontece que a gordura não é o único substrato envolvido na produção de ATP. As proteínas e os hidratos de carbono também podem participar neste processo. A energia para a maioria dos tipos de exercício não provém de uma única fonte mas de uma combinação de fontes (anaeróbicas e aeróbicas) Os hidratos de carbono são até a principal fonte de energia do organismo, no espectro das actividades físicas em que participamos diariamente, e fazem das gorduras uma reserva estratégica de energia que o organismo acumula para fazer face às necessidades. Daí a dificuldade de nos livrarmos daquele pneuzinho, que se forma para enfrentar possíveis períodos de carência. Mas quantos de nós é que passamos carências na sociedade ocidental? Quantos de nós é que acumulamos gordura para gastar mais tarde?
 
Outro dos mitos relacionados com a gordura é o da perda localizada em determinadas partes do corpo. A gordura acumulada está disponível para ser utilizada em qualquer parte do corpo quando é necessário produzir ATP recorrendo a este substrato. O exercício físico permite gerar um desgaste calórico extra que pode utilizar a gordura em excesso, mas não vai buscá-la a localizações específicas, como alguns gostariam. Não se iluda quando faz, por exemplo, exercício localizado para a barriga ou para as nádegas. O que está a fazer é apenas uma tonificação da área exercitada, a par de um desgaste calórico geral que vai recorrer também às gorduras de todo o corpo.
 
Como curiosidade tenha em conta que 1Kg de gordura corporal possui cerca de 7700Kcal, armazenadas normalmente no tecido adiposo. Caminhar 1 hora, com um passo acelerado (6Km/h), consome cerca de 300Kcal, mas só parte dessas calorias provém da oxidação das gorduras. Por isso, para perder 3 quilinhos, nem 77 horas consecutivas de caminhada chegavam.
 
Importa aqui esclarecer que perder gordura não é um processo fácil e não acontece com a rapidez que desejaríamos. Podemos optar por muitas abordagens, dietas ou suplementos, mas uma coisa é garantida, não há soluções únicas. Existem sim soluções integradas que envolvem mudanças de hábitos, rotinas, comportamentos. Engordamos porque consumimos mais calorias que as que necessitamos, e a realidade é que cada vez mais o excesso de peso e obesidade afectam a nossa sociedade.
 
O exercício físico regular, em doses adequadas, desempenha um papel importantíssimo no que toca à perda e controle de peso. Mas também não se iluda ao pensar que fazer umas caminhadas 2 ou 3 vezes por semana lhe vão trazer resultados significativos. O exercício cardiovascular moderado, como a caminhada, é excelente para manter a saúde, controlar o colesterol, a glicemia, a hipertensão, prevenir a osteoporose, manter um bom nível de funcionalidade e controlar o aumento de peso. Mas se o objectivo é perder peso, então é preciso passar ao nível seguinte. Será necessário aumentar o volume e a intensidade das sessões de treino cardiovascular para gerar dispêndios calóricos mais elevados em exercício e fazer treino de musculação para que, entre outros motivos, melhore a composição corporal e consuma mais calorias em repouso.
 
O recurso a suplementos é outra importante ajuda para perder peso e gordura. Existem muitas soluções no mercado mas os suplementos enquadram-se sobretudo nas seguintes categorias:
  • · Termogénicos – Aumentam o metabolismo basal, promovendo um desgaste calórico extra. A cafeína, o chá verde e a sinefrina aparecem na composição na grande maioria dos produtos no mercado.
  • · Mobilizadores de gordura – O CLA e a L-Carnitina são provavelmente os suplementos mais conhecidos. O CLA é um ácido-gordo (ómega 6) que inibe a absorção de gordura. Tem resultados comprovados na perda de massa gorda mesmo sem recurso a exercício. Já a L-Carnitina é um suplemento eficaz na perda de gordura quando associado ao exercício, preferencialmente em esforços de resistência.
  • · Inibidores do apetite – Actuam ao nível dos receptores e dos neurotransmissores ligados ao apetite.
  • · Diuréticos – Diminuem a retenção de líquidos e consequentemente o volume e o peso.
  • · Saciantes – As fibras hidrosoluvéis são um bom exemplo. Aumentam o volume do estômago e diminuem o apetite. Condicionam a absorção de gorduras, diminuem a rapidez com que os hidratos de carbono são degradados e melhoram o trânsito intestinal.
 
Concluindo, para obter resultados no que toca à perda e controle de peso, é preciso fazer pequenas mudanças a diversos níveis. Alteração de rotinas, exercício físico regular, hábitos alimentares e suplementação, são aspectos que deverão ser considerados de forma integrada e consistente. Não estabeleça objectivos demasiado ambiciosos. Não há soluções isoladas e muito menos rápidas.
 
Ser saudável é uma atitude diária e para a vida!
 
 

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domingo, 8 de dezembro de 2024 – 10:30:48

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