>
António Morgado foi hoje o vigésimo classificado na prova de fundo para sub-23 do Campeonato do Mundo de Estrada, em Zurique, Suíça, uma corrida em que os ciclistas que correram de forma mais fria levaram a melhor, com o alemão Niklas Behrens a conquistar o título.
Os 173,6 quilómetros que ligavam Uster a Zurique, sobretudo as quatro voltas e meia ao circuito em redor da cidade, convidavam a aproveitar a dureza para fazer a diferença. Vários corredores morderam o isco e tentaram destacar-se desde bem cedo.
Foi o caso de António Morgado. O português foi um dos mais ativos, desferindo múltiplos ataques ao longo de cerca 30 quilómetros. Entre os quilómetros 90 e 120, António Morgado esteve envolvido em diferentes iniciativas. Outro corredor muito ativo nesta fase foi o italiano Giulio Pellizzari. Ambos contribuíram para dinamitar completamente o pelotão e para endurecer fortemente a corrida.
Uma das movimentações em que participaram Morgado e Pellizzari foi anulada pelo trabalho da seleção da Suíça. Foi o prenúncio do ataque de Jan Christen. Isso sucedeu na penúltima passagem pela subida de Zürichbergstrasse, dentro da cidade de Zurique. Aí, António Morgado ainda tentou responder, pouco depois de ter sido alcançado, mas o corpo não correspondeu.
“Sentia-me mesmo com boas pernas e comecei a achar que poderia estar na discussão da corrida. Tentei surpreender de longe. No entanto, com a chuva, senti muito o frio. As pernas como que congelaram”, explica o corredor português.
Jan Christen isolou-se a pouco mais de 50 quilómetros da meta, chegou a ter quase um minuto de vantagem sobre os fugitivos. Mas também ele arriscou e não petiscou. Os corredores mais frios e cerebrais levaram a melhor.
“Numa corrida destas, o segredo está em guardar energia para os momentos decisivos. Aí consegue-se fazer a diferença. Com outra calma, o António poderia ter conseguido outra classificação”, reconhece o selecionador nacional, José Poeira.
O melhor exemplo disso foi o jovem prodígio alemão Niklas Behrens, antigo nadador que está apenas na segunda época como ciclista. Sempre bem colocado no grupo principal, acelerou na última volta ao circuito e conseguiu anular a vantagem de Christen.
Com o germânico apenas seguiu o eslovaco Martin Svrček. Ambos cortaram a meta ao fim de 3h57m24s (média de 43,875 km/h). A vitória foi para Niklas Behrens. O terceiro classificado, a 28 segundos, foi o belga Alec Segaert.
António Morgado chegaria na 20.ª posição, a 4m56s do vencedor. “Dei tudo o que podia, não tenho arrependimentos”, diz o ciclista. Daniel Lima chegou perto de António Morgado, depois de uma corrida em que também chegou a estar integrado numa das movimentações do companheiro de Seleção e em que esteve sempre no primeiro pelotão. Foi 22.º, a 5m05s.
Lucas Lopes, vítima de queda antes da primeira das cinco passagens pela meta, esforçou-se por terminar, apesar de não ter conseguido reentrar no pelotão principal. Foi o 63.º, a 15m43s, a mesma diferença registada por Gonçalo Tavares, 70.º Alexandre Montez caiu ainda antes de Lucas Lopes, o que provocou um atraso maior e mais precoce, levando-o ao abandono.
No sábado é a vez de Ana Caramelo e Daniela Campos competirem nos 154,1 quilómetros entre Uster e Zurique, que englobam quatro voltas e meia ao circuito de Zurique. A corrida feminina de elite terá uma classificação absoluta, para a qual concorrem as duas portuguesas. Da geral será extraída uma classificação de sub-23 para a qual é elegível Daniela Campos.