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Confesso que por vezes me soo a repetitiva, enfadonha, sem graça ou originalidade. Longe vão os tempos, há 10 anos atrás quando este espaço dava os primeiros passos e eu já levava 30 anos desta coisa entranhada em mim chamada Corrida e corria e escrevia. E escrevia e corria e levava a correr comigo na melodia das palavras este e aquele que me lia. Hoje, como naquele tempo também (afinal) não sei quem me lê, onde chego e para que chego.
Hoje, as pessoas correm cada vez mais e mais depressa e não há tempo. Tempo para ler, tempo para escrever, tempo para nada. A facilidade e rapidez doutros meios empurrou a maioria dos blogues para um pantanal mal cheiroso, onde eu própria, confesso, pouco paro. Por dificuldades e limitações técnicas também, no meu caso, mas no geral é assim. Ofereço palavras que pouco mais de meia dúzia absorverão e menos ainda apreciarão. Porque não há tempo. Ou talento. Para escrever e para ler.
Ainda assim, Correr está em mim. Uma e outra e outra vez. Sempre! Com melhor ou pior forma, em provas populares ou ali na estrada ou na serra. Correr é como respirar. É preciso para continuar viva! Por isso...Corro! E escrever também!
E nesta fase de retoma, depois de praticamente um ano parada, por lesão, a Corrida tem ganho espaço de novo na minha vida. Aos poucos. Muito devagarinho, mas de forma contínua e até teimosa, quando as condições (e algumas pessoas) me dizem que parar e desistir talvez fosse o mais ajuizado e...fácil! Fácil! Como se as coisas fáceis nos dessem um ínfimo da alegria e prazer das que, não sendo propriamente difíceis, nos dão alguma luta, e talvez precisamente por isso me fazem sentir tão viva.
Assim, aparentemente repetitiva, mas as coisas são como são, e é importante dizê-lo, voltei à Corrida Rota do Queijo, na sua 6ª edição, realizada no dia 7 de Maio de 2017, em Lousa.
Repetir dirão alguns, reinventar digo eu. Correr e viver...sempre! Corrida esta integrada no 33º Troféu "Corrida das Colectividades", Loures.
São provas gratuitas, várias, organizadas pelas colectividades do concelho de Loures, a proporcionar a custo zero (sim, isto é muito importante!) a oportunidade a todos de Correr! Papel fundamental o dos clubes, que promovem a Corrida desde a tenra idade e preparam os seus atletas, e os leva e traz a casa, e dá a muitos jovens uma oportunidade que vai muito além da Corrida. Conhecem outro mundo, outras vidas e abrem-se portas e caminhos possíveis de percorrer. Desde os Benjamins aos Veteranos todos têm aqui a sua oportunidade.
Pessoalmente, inscrevi-me no próprio dia da prova, apesar de ter enviado mail para a Camara de Loures dias antes, conforme indicação de simpático e prestável elemento da Junta de Freguesia de Lousa, mais infelizmente, por algum motivo, a inscrição não fora considerada. Sem qualquer entrave, fui inscrita na hora, ali, minutos antes do início das provas e possuo agora um dorsal que me dá acesso a todas as provas do Troféu.
A Corrida Rota do Queijo é uma Corrida muito especial. Lousa é verde, é colinas, é casas antigas a lembrar-me que tenho raízes ali também.
As provas começam a horas. É ver a pequenada a correr como se não houvesse amanhã.
Depois a prova principal, com a distância de 7,900 Km, que eu percorri em 49m37s.
Aqueço um pouco antes, num trote ligeiro, e à hora marcada alinho na Partida, bem lá de trás. Verifico que somos poucos. Demasiado poucos para o oferta da prova. Mas verifica-se que o mediático é o mais procurado. Cegamente. Como ovelhas cegas que somos. Depois há Corridas como a Corrida Rota do Queijo, despercebida e desconhecida para muitos. Ou talvez desinteressante. Sim, também poderá ser desinteressante, conforme o perfil e objectivo do Corredor. Desinteressante pelas características da prova: uma distância de 7,900 Km, um percurso misto de asfalto e caminhos de terra batida, um desnível acentuado (elevação de 214 metros), inscrição gratuita, pontualidade, percurso bem marcado e sem trânsito, abastecimento de água durante a prova, bons prémios de presença (mas quem se mata por uma medalha e pela 1701ª t-shirt que ganhará numa prova...não pode vir aqui e gostar), boa recepção na Meta, com pórtico insuflável e um saco com uma garrafa de água, uma maçã, uma barra energética de fruta, um bom pão saloio e um melhor queijo Tété, com produção em Carcavelos, localidade rural por onde passámos na prova, e onde o cheiro a cabra, ovelha e vaca nos invade as narinas, transportando-nos para lugares encantados dentro de nós. Comigo é assim e adoro! As classificações são rápidas, apesar de não haver chip e além da entrega de prémios no local ser relativamente rápida, as classificações são também disponibilizadas na internet poucos dias depois.
Resumindo, é uma prova diferente, bonita, bem organizada, de dificuldade relativa (acessível a todos com algum treino) e onde nos sentimos muito bem-vindos.
Por tudo isto, dou os meus sinceros Parabéns à Junta de Freguesia de Lousa, que com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Loures e da Camara de Loures levou a cabo com sucesso esta magnífica prova!
Se recomendo e se penso voltar? A repetir ou reinventar? Sem dúvida que sim!
Ana Pereira
http://mariasemfrionemcasa.blogspot.pt/
A minha Corrida, registada pelo Strava, para ver aqui
Regulamento, informações da prova e Classificações podem ser vistas aqui: