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Lisboa, 27 de Maio de 2018
Este é o "dorsal da solidariedade e da amizade e isso é lindo!", disse-me o meu amigo Jorge Branco, quando num concurso promovido pela Running Magazine, a minha foto foi uma entre as 10 mais votadas, o que me permitiu ganhar um dos 10 dorsais que eles tinham para oferecer. E isto só aconteceu porque...concorri, empurrada por uma amiga e fiz o que acho que nunca tinha feito nem é muito de meu feitio fazer: pedinchei (pedi, chateei, incomodei) uma boa parte dos meus amigos, e confesso, fui estrondosamente surpreendida pela forma como responderam, muitos deles, não só votando mas pedindo também aos seus amigos para votar, o que, apesar de parecer uma coisa singela, muito me surpreendeu e tocou de uma forma que não estava à espera. Foram mais de 200 os que perderam o seu tempo a votar na minha foto, e só por causa deles todos, é que me foi possível participar nesta Corrida e viver esta experiência. Uma vez mais, a todos eles o meu Muito Obrigada!
A Corrida de Belém
A Corrida de Belém é organizada pela Junta de Freguesia de Belém, em colaboração com o Clube de Futebol “Os Belenenses”, o Clube de Atletismo Amigos de Belém, com a Câmara Municipal de Lisboa e tem o apoio técnico da HMS Sports Consulting, Lda.
Tem a prova principal com 10 Km, a Caminhada com cerca de 4 e ainda provas para os pequeninos, que decorrem ali mesmo na pista do Estádio do Restelo, onde é a partida e a meta da prova principal.
Com um custo de inscrição, na 1ª fase, de EUR 8,00, a prova oferece-nos uma t-shirt de participação, unisexo, um ambiente animado e local fantástico, para a partida e chegada (chegar dentro de um estádio, com pista de atletismo, eleva sempre qualquer prova e qualquer chegada à meta é sempre engrandecida por esse facto), um dorsal com chip e controlo de tempos e passagens, alfinetes, um percurso durinho e bonito pela capital, em total segurança em relação ao trânsito, bem sinalizado, com quilómetros marcados, abastecimento de água pelo meio, tudo bem controlado e uma maçã e água num saco de plástico no final. Temos rapidamente as classificações disponíveis on-line, e todos os chegados à meta podem ter o seu diploma com o tempo e classificação.
Prémios (troféus) para os 3 primeiros da geral, masculinos e femininos e ainda vouchers e outros prémios similares a oferecer aleatoriamente pelos chegados à meta, oferecidos por patrocinadores, como o Hotel Vila Galé, o Ginásio Infante Sagres e a Hyundai.
As provas da pequenada, tinham um valor de inscrição de EUR 3,00, e a Caminhada EUR 6,00.
Os dorsais eram levantados apenas na véspera da prova e na tarde do dia anterior, não se entregavam no dia, o que pode sempre causar alguns transtorno, mas nada que não se ultrapasse.
Antes da partida, também muita animação com exercícios físicos de aquecimento.
Eram ainda disponibilizados os balneários do Estádio para banhos depois da prova e o extenso relvado para alongamentos.
Com tudo isto, parece não faltar nada para termos uma manhã desportiva muito bem passada.
Faltará uma medalha de participação, dirás (nem uma medalhinha, choramingas...),mas... não queres mais nada, não?! Ah, querer... queria...uma máquina de tirar imperiais no final por exemplo. Pois então paga mais! Ah, mas isso não queria! Então, então...meu amigo, está muitíssimo bem assim! Parabéns à Organização e venha de lá a 7ª edição em 2019!
A minha prova ou a percepção das coisas
Ganhei o dorsal. Graças à simpatia de mais de 200 amigos e amigos de amigos. Tal como no ano passado. A prova é simpática. A partida e a meta no Estádio do Restelo, as voltas na pista de atletismo, azulinha a contrastar com o verde do relvado dão-lhe um toque muito especial. Gostei no ano passado e gostei este ano.
Acredito que posso fazer 55 minutos. Sem entusiasmos exagerados, mas acreditava que era possível.
O meu pai acompanha-me sempre. Máquina fotográfica ao peito, partilhada a estratégia, combinados os pontos de encontro e vê-me partir.
Mal se sai do Estádio, temos uma subida. Depois plano (pouco tempo) para de seguida se enfrentar nova subida. Sinto-me forte e subo bem, sendo que "bem" é muito subjectivo como sabemos, mas aqui significa fundamentalmente que me sinto bem e com força. Depois há de novo alguns metros planos para depois se descer com a Torre de Belém ao fundo! É uma imagem que guardava do ano passado e este ano, de novo fez o meu deleite.
Por aí procuro com os olhos uma amiga que tinha prometido ir ver-me passar e que estaria por essa zona. Mas triste, começo já a pensar nas sempre aceitáveis e justificáveis desculpas, afinal as pessoas têm mais que fazer que assistir a uma cambada de coxos a arrastarem-se no asfalto. Mas não, lá estava ela! Fizemos uma festa que durou 2 segundos, afinal eu ia a descer e ia embalada. Fico contente de a ver. Muito contente. A amizade vê-se em pequenos gestos, tão pequeninos por vezes que nem nos apercebemos do seu poder extraordinário e do novo rumo que podem dar à vida das pessoas.
Chego lá abaixo e segue-se uma recta em direcção ao Padrão dos Descobrimentos. E aí...aí meninos...sinto cair-me em cima todo o peso que tenho e mais algum. Se antes de embalar na descida já as pernas me pesavam, então, a partir do momento que entro na recta, parece-me que mal consigo correr. O ritmo quebrou, claro! E mentalizo-me que lá se vão os 55 minutos e o melhor é esquecer isso e usufruir da prova. Recta infindável tal era o meu estado. Há retorno lá à frente e tento distrair-me com os atletas com que me vou cruzando. E só penso...bem, se este vai aqui, então ainda há-de faltar uma distância gigantesta para eu chegar ao ponto de retorno. Mas vou controlada! Simplesmente sinto que carrego o mundo e as pernas não respondem como na 1ª parte, mesmo quando enfrentei as subidas.
Por fim, lá alcanço o retorno e é fazer o caminho de volta. Sempre firme, mas num ritmo mais lento e com maior dificuldade. Penso que a prova engana. Pelo menos, engana os menos preparados. Um pessoa está bem e faz o início com a
força toda e depois, nem no plano parece conseguir correr! Caramba! Pareço uma iniciante nesta coisa das Corridas.
Avista-se os Jerónimos e aí encontro o João e a Elsa a assistir à prova. Gritam por mim e tiram-me uma foto. Surpreendida de os ver ali, mas adorei! Sigo com mais alguma força, a deles, ou a minha renovada, mas depressa tenho outra "longuíssima" subida para enfrentar. Lembro-me de ter caminhado aqui no ano passado, mas este ano consegui manter um passinho certo e chegar lá acima a correr! Breve recta para de novo subir para o Estádio. Ah, mas não pensem que esta subida era de mais de meia dúzia de metros, que não era, eu é que já ia tão exausta, que mal mexia as pernas e mal levantava os pés do chão! Mas mexi! E levantei! Mantive o passinho de tartaruga e entro no Estádio triunfante como uma campeão. Voltinha na pista, que adoro, e está feita!
Acabei por cortar a meta na 352ª posição de um total de 639 chegados, com o tempo líquido de 57m50s, na distância de 10 Km
Procuro o meu pai e lá está ele. Já me tinha fotografado na entrada para o Estádio e agora é só o reencontro. Feliz.
É por isto que eu corro. Foi isto que ganhei quando os meus amigos me fizeram ganhar um dorsal: uma manhã feliz proporcionada ao meu pai e por consequência redobrada a minha própria felicidade. Mais uma Corrida, mais uma experiência vivenciada e partilhada com o meu Melro. Companheirismo e cumplicidade rara. Que faço questão de manter. Só porque sim.