Barbarizando Geral é o fio condutor que une Fred Martins (cantor e compositor brasileiro a viver há 14 anos entre Portugal e Espanha) e o percussionista Marcos Suzano – um dos mais respeitados músicos brasileiros com trabalhos aclamados tanto nacional quanto internacionalmente. O disco é o resultado da soma de dois músicos consagrados, que vivem em dois continentes diferentes, que se encontram no universo afro-brasileiro do samba (entre outros géneros da música negra carioca).
O novo álbum, que aborda vários aspectos de nossa vida social mais recente, foi gravado simultaneamente em Lisboa e no Rio de Janeiro. Barbarizando geral será lançado no dia 15 de outubro nas plataformas digitais sob a chancela da gravadora brasileira Biscoito Fino.
Neste trabalho os arranjos minimalistas clarificam o essencial de cada canção, onde letra, melodia e ritmo ganham maior interesse com uma apurada pesquisa de sonoridades eletroacústicas.
Para Fred Martins, ”este álbum tem muito de crónica social em forma de samba. Aborda problemas como a desigualdade social, o autoritarismo financeirizado e a destruição absoluta do meio ambiente. Barbarizando, nasce da inquietude em relação à eclosão e aumento do discurso ultraconservador, fascista mesmo, que naturaliza e semeia o ódio e a violência. O disco comenta uma série de situações que acontecem dentro desse quadro desolador, mas também reafirma a única saída possível, que é o que a vida nos pede: uma relação amorosa consigo mesmo e com o mundo¨.
E acrescenta: ¨Poder fazer isso ao lado do Suzano foi desafiador, pois ele preparou coisas que eu não imaginaria, e levou o meu violão e o meu canto para lugares inesperados. Isto foi muito bom."
Marcos Suzano confirma o desafio: ‘’Eu dei muita sorte. O Fred toca um violão “da pesada”. Quando vem a batida eu sinto um ímpeto e eu tenho que analisar com a letra qual será a direção. E isto é muito é legal"
Boa parte do repertório aborda (às vezes com ironia e sarcasmo e outras como denúncia ou caricatura) temas sensíveis da atualidade, como a crise ambiental e civilizacional.
Neste ponto, merece destaque o samba que dá nome ao álbum, “Barbarizando Geral”, além de “Senzala”, “Madame Maldade”, “Dois Chicos” (homenagem a Chico Mendes e ao Papa Francisco) e “O Rancho da Seita Suicida” (sobre o perigo do negacionismo científico como prática política). A destacar ainda “Além do Qualquer" Além do Qualquer Fred Martins e Marcos Suzano, um canção de Fred Martins em parceria com o poeta Manoel Gomes. Participam do tema o músico argentino Martin Sued, no bandoneón, o que empresta à música certa gravidade, dialogando perfeitamente com a voz e o violão de Fred e a percussão concisa de Marcos Suzano. Segundo Fred Martins “ Além do Qualquer é uma espécie de libelo, em forma de samba/tango, que clama por um mundo em que a vida, a arte, a beleza, a justiça, possam acontecer em plenitude, e que não sejam soterradas pelo império da mediocridade, burrice, mentira e bizarria orgulhosas de si, tão presentes em tempos de desrazão”.
Há também o samba-de-breque “Ahmed”, uma sátira muito bem-humorada que aborda a história divulgada - fake news - que afirma que Chico Buarque não é autor dos seus temas e que compra as suas músicas a um compositor chamado Ahmed. Uma letra cheia de humor, de Roberto Bozzetti, musicada por Fred Martins. O videoclipe da música poderá ser visto brevemente nas redes sociais e a faixa tem a participação do icónico grupo MPB-4.
E há espaço ainda para a celebração da vida em canções de amor e epifania, como “Este Amor Tem Nome”, “Abalou” e "Trama”.
O talento e a larga experiência de Fred Martins e Marcos Suzano garantem um repertório de fino artesanato embalado num criativo diálogo entre a percussão, voz e violão, com pinceladas de outras sonoridades instrumentais, como o bandoneón de Martín Sued, os teclados de Sacha Ambak, o trompete de Aquiles Moraes e o trombone de Everson Moraes, além das vozes de Nani Medeiros e o já citado MPB4.
Os temas do disco foram, em parte, compostos apenas por Fred Martins, mas também há parcerias com Roberto Bozzetti, Manoel Gomes, André Sampaio e Marcelo Diniz. Os arranjos musicais também são todos de Fred, exceto um tema que conta com a luxuosa colaboração de Elodie Bouny no arranjo de sopros.
A produção musical do “Barbarizando Geral” é de Fred Martins e Marcos Suzano e a produção executiva de Nei Barbosa.
A capa do álbum foi criada pelo designer carioca Marcio Oliveira, a partir de desenhos do próprio Fred Martins, com caricaturas a preto e branco, onde a temática social é reforçada.
SOBRE OS ARTISTAS
Fred Martins
Cantor, instrumentista e compositor carioca destacado, Fred Martins desenvolveu sua carreira influenciado pela bossa nova, o samba e a MPB. Aprofundou a sua relação com a música brasileira ao transcrever partituras musicais de mestres como Tom Jobim, Chico Buarque, Gilberto Gil e Dorival Caymmi, entre outros, para os famosos songbooks de Almir Chediak. Fred Martins viu o seu talento reconhecido quando, no Prémio Visa de Música Brasileira, recebeu o prêmio máximo do júri, por unanimidade, e também venceu pelo voto popular.
As suas composições têm sido interpretadas por nomes como Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, Maria Rita, José Miguel Wisnik e MPB4, entre outros. Em Portugal, a cantora Joana Amendoeira lançou um álbum dedicado às canções de Fred Martins, em parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva. As suas músicas também estão em bandas sonoras de novelas da TV Globo, como o tema Depressa a vida passa, incluído na telenovela brasileira Órfãos da Terra.
. A sua discografia inclui os álbuns Janelas (2001), seguido de Raro e Comum (2005), Tempo Afora (2008) e Guanabara (2009). Em 2011, gravou também Acrobata, em duo com Ugia Pedreira, na Galiza, e, mais recentemente, em 2016, lançou o álbum Para Além do Muro do Meu Quintal; em 2021 lançou Ultramarino, que tem como fio condutor a base musical carioca de linhagem bossanovista do artista, transita ainda pelo blues e por sonoridades de influência moura (árabe), reafirmando a conexão musical entre África, Península Ibérica e Brasil.
. Outro importante trabalho desenvolvido é o duo com o violoncelista Jaques Morelenbaum, com quem já se apresentou em Portugal, Itália e Cabo Verde (onde a dupla se apresentou com a cantora cabo-verdiana Nancy Vieira).
. Com a dupla Jaques Morelenbaum e Paula Morelenbaum vem fazendo inúmeras apresentações em festivais por toda a Europa.
. Fred Martins também gravou o especial de TV Tempo Afora (Canal Brasil), posteriormente lançado em DVD.
. Recentemente lançou o DVD A Música é meu País, exibido como especial de TV pelo Canal Brasil (Globosat) e pela RTP1 (Portugal).
Marcos Suzano
. Músico, percussionista, nascido no Rio de Janeiro, é músico profissional desde 1986. participou de vários grupos importantes no cenário musical brasileiro e internacional, o que fez com que se tornasse um dos músicos mais requisitados, tanto para shows como para gravações.
. As suas pesquisas em música eletrónica unem-se a um profundo conhecimento da base musical afro-brasileira, resultando numa ação marcada pelo virtuosismo e originalidade, em favor de uma assinatura sonora.
. As ideias de renovação da percussão brasileira são transmitidas em festivais, aulas e workshops ministrados em todo o mundo. Tem uma vídeo-aula lançada no Japão e 2 DVDs, sendo o último o mais completo, lançado em 2008 na Alemanha e toda a Europa, onde apresenta sua técnica ao pandeiro bem detalhadamente.