Espaço, Memória e Sangue no São Luiz

No dia 19 de fevereiro, estreia-se o segundo espetáculo do ciclo com curadoria de Marco Paiva: A Tempo, Tríptico sobre o Ócio, Espaço, de Mia Menezes e André Murraças. Antes da estreia, no dia 17, há uma conferência com entrada livre, onde os artistas partilham o processo de criação com o público.
Os espetáculos decorrem de quarta a sábado, e tanto os espetáculos como a conferência contam com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, legendagem automática em português e áudio comentário poético.
Espaço, de ANDRÉ MURRAÇAS E MIA MENEZES
Apresentação: 19 a 22 fevereiro, comprar bilhete
Em Espaço, André Murraças e Mia Menezes perguntam como é a relação que se estabelece com o outro: porque é ela tão fundamental? “É no encontro com o outro que nos fundamos como ser e fundamos o mundo que partilhamos. O outro, na sua diferença, grita a nossa condição de desterrados. Encontramos um espaço comum, na cadência dos dias por que somos pautados”, dizem.
Este é um encontro às escuras. São dois estranhos que nunca trabalharam juntos nem se conheciam antes desta oportunidade. Dois artistas com vidas diferentes, mas ambos sentem o palco como casa. Assumem os ensaios como lugar de descoberta, como há muito não faziam. “Não houve texto clássico para decorar, um encenador de renome ou emergente, nem tendências de festival de teatro. Houve tempo para estarmos juntos a pensar, a testar disparates. Trabalhámos à distância, por mensagens, depois ao vivo, com horários. Às vezes no café, sim e então? Assim sim, assim não. Escreve tu, escrevo eu, queres entrar aqui, ou isto ficava bem em cena, não? Foi um vamos ver no que isto dá. Sempre marcado por uma urgência de sermos vistos, ouvidos e lidos. Sim, precisamos da vossa atenção.”
Memória, RAQUEL ANDRÉ E ALIU BAIO
Apresentação: 26 fevereiro a 1 março, comprar bilhete
Um som, um cheiro, um toque, uma dor, um sabor, uma fragrância, uma imagem, uma perceção. Quando nos vem à mente um cheiro da nossa infância ou de um passado distante, quando aos nossos ouvidos ou olhos chega um rosto de quem o vento e a vida sopraram para longe, ou de quem a morte e a sua natureza não se esqueceram de arrancar de nós, quando ao passarmos pelas ruas um perfume traz à nossa memória a saudade de um corpo e alma que já abraçámos.
O que é a memória? Quem seríamos sem ela?
Memória: sete letras que formam uma palavra que é a essência humana, que com o tempo, que é o seu companheiro de estrada, apagam ou reavivam as consequências e ações de uma vida imprevisível.
Memória é o tema do projeto A Tempo da Terra Amarela, com curadoria de Marco Paiva e Aliu Baio e Raquel André são uma das três duplas desafiadas neste projeto. Aliu sempre quis trabalhar um texto de teatro e Raquel já não interpretava um há algum tempo, em comum há ainda a relação que ambos têm com o medo de perder a memória. Neste projeto exploram materiais cénicos a partir de textos, de música, de movimento, de cheiros, de encontros com pessoas e outros sentidos.
Até 23 de fevereiro continua em cena o espetáculo Macbeth, uma das obras mais sanguinárias e brutais, reinterpretada sob a visão contemporânea de Heiner Müller. A encenação é de Paulo Castro e a interpretação de Anabela Faustino, Alheli Guerrero, David Esteves, Inês Ferreira, Ivo Alexandre, João Reixa, José Pedro Ferraz, Marques D’Arede e Sofia Franco.
Todos os bilhetes estão à venda na bilheteira do Teatro e também online.


