Pedalar por um sonho
Era uma vez,
Um menino que se chamava Cândido Barbosa e que tinha um sonho. O de ser ciclista profissional. Quando fez a comunhão juntou todo o dinheiro que recebeu e comprou uma bicicleta, mais o capacete e um equipamento. Com a ajuda dos amigos do pai começou a treinar e aos 11 anos entrou pela primeira vez em corridas. O Cândido era bom, mas não ganhava sempre. Havia até outro bem melhor do que ele. Mas o sonho de ser ciclista era grande e o Cândido treinou. Treinou muito. Mesmo com chuva lá ia ele, de Paredes, onde morava, até todas as terras vizinhas. A vida de ciclista era dura, em algumas provas o Cândido até caía, mas levantava-se sempre. Nunca tinha medo e voltava a pedalar. Começou a ganhar corridas, uma delas até era um Campeonato da Europa, e cumpriu o sonho de ser ciclista profissional. Conheceu muitas terras bonitas, fez imensos amigos, mas passou a ter outro sonho: queria vencer a Volta a Portugal. Um sonho ainda mais difícil de realizar, por ter de ganhar a espanhóis, russos, italianos, enfim, ciclistas de muitos países. O Cândido começou a treinar ainda mais. Até hoje já pedalou tanto na bicicleta que lhe chegava para dar várias voltas ao mundo. E começou a ser dos primeiros na Volta a Portugal. Já foi ao pódio três vezes e, enquanto for ciclista, vai ter sempre o sonho de um dia ganhar a corrida de que mais gosta. Se nunca o conseguir irá ficar triste, claro, mas saberá sempre cumprir uma regra de ouro do ciclismo: dar os parabéns a quem provar ser melhor do que ele!
Por: Cândido Barbosa”
Nome completo: Cândido Joaquim Venda Moreira
Barbosa
Data de Nascimento: 31 de Dezembro 1974
Percurso profissional:
1995 - W52 Paredes Móvel – amador
1996 - W52 Paredes Fobromade
1997 - Maia-CIN
1998 - Banesto
1999 – Banesto
2000 - Banesto
2002 - LA Pecol
2003 - LA Pecol
2004 - LA Alumínios
2005 - LA-Liberty
2006 - LA-Liberty
2007 - Liberty Seguros
2008 – SL Benfica
2009 – Palmeiras Resort / Prio / Tavira
Com 34 anos de idade e já com uma longa carreira atrás de si, Cândido Barbosa continua a ser um dos mais conceituados ciclistas nacionais. Apesar de nunca ter vencido a Volta a Portugal, profissionalmente, já conquistou cerca de uma centena de triunfos um pouco por todo o país e, também, no estrangeiro. Agora, numa nova equipa e cheio de esperança para esta época, dá-se a conhecer a todos os visitantes do nosso site.
Na sua opinião, o que mudou no ciclismo, desde que começou a competir?
O ponto mais importante, na minha opinião, é o facto de hoje, o ciclismo ser uma modalidade muito mais organizada.
No início da minha carreira não havia estrutura nas equipas, nem orçamento, quase que era correr por “amor à camisola”.
Hoje existe um staff profissional por de trás de cada equipa.
Que características considera indispensáveis para se ser um bom “ciclista completo”, a nível profissional?
A principal característica de um ser humano para vingar na modalidade de ciclismo, é ser um a atleta de fundo, ou seja, poder aguentar altos esforços, durante um longo período, e ter a capacidade para se moldar às exigências da modalidade.
No seu começo como ciclista profissional, o Cândido destacava-se mais como sprinter. Com o passar do tempo, tornou-se num atleta mais completo, que luta pela discussão nas competições por etapas. A que se deveu essa mudança?
Ao longo da minha carreira consegui moldar-me com algum treino especifico de forma a conseguir estar mais próximo dos objectivos a que me propus.
Essa mudança deveu-se realmente, ao sonho de conquistar a maior competição por etapas em Portugal.
Agora que o projecto da equipa terminou, arrepende-se de ter ingressado no SL Benfica?
Apesar do projecto ter acabado precocemente gostei muito de fazer parte da equipa de ciclismo do SL Benfica.
Trabalhei com uma excelente equipa e usufrui de condições de excelência.
Tenho pena que não tenham conseguido viabilizar financeiramente o projecto, pois a equipa tinha potencialidades para vingar nacional e internacionalmente.
Só tenho a dizer bem da minha passagem pelo clube e foi uma honra ter vestido a camisola de um clube que tem milhões de apoiantes.
Senti isso nas provas em que entrei ao serviço do clube.
Após a saída, teve vários convites para correr por outras equipas. A que se deveu a sua escolha pela formação do Palmeiras/Resort/Prio/Tavira?
Acima de tudo devido à amizade que ao longo da minha carreira foi crescendo pela postura que o CCT mantém para com a modalidade.
Nesta fase de início de época, qual o seu volume de treino e que cuidados especiais tem com a alimentação?
No início de época começamos entre 3 a 3,5 horas diárias.
A nível de alimentação é tentar principalmente não ganhar peso, para isso faço uma alimentação à base de legumes e proteínas, e evito os hidratos de carbono.
Faça-nos uma pequena descrição de como decorre o seu dia, quando existe uma etapa em linha numa grande prova (a Volta a Portugal, por exemplo).
Partindo do princípio que a partida é às 11h00, levanto-me 7h45 para às 8h00 tomar um pequeno “grande” almoço.
De seguida, subo ao quarto para me organizar, ou seja equipar-me, colocar o dorsal e preparar a mochila para o final da etapa.
Ao entrar na caravana para me dirigir para a meta já se começa a sentir a pressão da responsabilidade do dia.
É feita a reunião de equipa de forma a definir a estratégia para a etapa.
Aí já só se pensa nas dificuldades, nos adversários e principalmente na chegada.
No final se saímos vitoriosos, temos o sabor da vitória que nos alimenta todo um cansaço da etapa, se assim não for, tento recompor-me para que no dia seguinte seja um dia de vitória.
Não ter alcançado, até ao momento, a vitória final na Volta a Portugal, é a grande desilusão da sua carreira desportiva?
Não é, porque mesmo não ter conseguido essa vitoria, consegui todo um reconhecimento e carinho do publico que me deixa bastante satisfeito.
A vitória na Volta é o seu único objectivo desportivo, para esta época?
E um dos principais objectivos, mas não abdico, de todas as outras competições.
Que conselhos dá a um(a) jovem que a e se queira iniciar na prática do ciclismo?
Muita paciência, e acima de tudo espírito de sacrifício.