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Rita Borralho

 
Nos anos oitenta, Rita Borralho foi a primeira grande maratonista portuguesa de nível internacional. Olímpica em Los Angeles/84 e presente em diversas edições dos campeonatos europeus e mundiais, a nossa entrevistada foi, ainda, campeã nacional de maratona e recordista ibérica nessa distância.
 
Representou o Sl Benfica durante cerca de vinte anos, tendo competido, também, pelo Maratona CP e pelo Clube Xistarca. Entre os seus principais títulos, contam-se os triunfos nas Maratonas de Barcelona, New Jersey e Lisboa.
 
Ao www.ammamagazine.com, Rita falou-nos do passado, do presente recente e, também, do futuro.
 
 
Como é que o desporto e o Atletismo entraram na tua vida?
 
Sempre gostei de desporto e, principalmente, de atletismo.  Como benfiquista e leitora do “Jornal do Benfica”, uma semana vi que trazia na capa uma foto  da Manuela Simões (uma grande atleta dessa época) num corta-mato. Fiquei impressionada pela quantidade de lama, mas, ao mesmo tempo, essa foto deu-me muita vontade de fazer essa prova. Então,  reparei que dentro desse mesmo jornal trazia um anuncio para captação de atletas e foi assim que eu comecei. Fui ao Campo Grande e fiz a inscrição … Foi assim o meu começo.
 
Fala-nos dos teus primeiros passos no atletismo e sobre o caminho que percorreste até chegares à maratona. Foste a primeira grande atleta portuguesa nessa distância. Porquê a opção pela maratona em determinada fase da tua carreira?
 
Comecei pelos corta-matos, pois estávamos na época de Inverno. Depois, porque também eu adorava fazer Cross. Fui 8 anos consecutivos Campeã de Lisboa, numa época em que ser Campeã de Lisboa era muito importante: assistiam às competições de Cross centenas de pessoas.
 
Iniciei-me na pista na distância de 800 metros e conforme as distâncias iam aparecendo (as provas mais longas eram as de 1500 metros), eu ia subindo também, até chegar a distância da maratona.
 
A minha ida para a maratona foi normal, acompanhando a “evolução” da minha endurance. Mas isso aconteceu porque fui assistir ao Campeonato de Portugal de Maratona, em Faro, onde o Mário Machado me pediu para o acompanhar durante a prova e foi ai que começou o meu “fascínio” pela maratona. A minha primeira experiência na distância corri em 2h44.48, recorde de Portugal e Ibérico, na altura.
 
Fala-nos dos melhores momentos da tua carreira.
 
Todos os momentos que passei no atletismo me trazem grandes e boas recordações: Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais, Campeonatos da Europa, vitórias nas maratonas, principalmente em New Jersey que me “abriu” as portas para os USA e também as minhas participações nas maratonas do Japão. As grandes amizades que o atletismo me deu e tudo o que ele me deu a conhecer. ESTOU MUITO GRATA AO ATLETISMO!
 
Quando vê que o final da carreira ao nível da alta competição se aproxima, o que é que passa pela cabeça de um atleta? Fala-nos do teu exemplo, por favor
 
Não foi difícil, porque nessa altura eu já treinava algumas pessoas. Então, uma coisa compensou a falta da outra.
 
Depois de terminada a carreira, fizeste outras coisas, como agenciamento de atletas para grandes competições, treino de atletas, etc. Foram situações pensadas previamente ou surgiram "por acaso"?
 
Todas as situações foram surgindo uma após outra, mais pela necessidade das pessoas envolvidas.
 
Fala-nos da tua parceria com a Janete Mayal no Brasil. Sei que, inclusivamente, chegaram a fundar um clube?
 
Fundámos o Maratona Clube do Brasil e tínhamos uma assessoria desportiva  (Mayal Athletics) para a população em geral, direccionada à qualidade de vida.
 
Como é, viver metade do ano no Brasil e a outra metade em Portugal? Quais as principais diferenças que encontras nos atletismos dos dois países?
 
As corridas de estrada, no Brasil, estão mais organizadas, é um mundo de grandes negócios que envolve muitos milhões A grande maioria dessas provas não tem prémios em dinheiro, mas tem sempre acima de 5.000 participantes. São Paulo é o expoente máximo e já tem corridas de 10 km com 25.000 atletas. Penso que, no sector masculino, o Brasil está muito à frente dos nossos atletas (onde não existe renovação de valores).
 
É público que te encontras em franca recuperação de um grave problema de saúde. Esta situação fez-te mudar a perspectiva como encaravas a vida, o dia a dia?
 
Vivo sempre para o dia seguinte e vivo cada dia sem pensar no futuro. Este é o meu presente. Agradeço aos meus amigos, à minha família, à Rosa Mota, ao Dr. Luís Horta (foram duas pessoas muito importantes nos momentos mais difíceis da minha vida). Agradeço à Janete Mayal que esteve sempre disponível para me acompanhar, e, finalmente, aos médicos e auxiliares que sempre cuidaram de mim com todo o carinho, ao Dr. Carlos Carvalho, meu oncologista que sempre esteve na linha da frente a dar-me força, e ao Dr. Fernando Martelo, o meu cirurgião, a quem estarei sempre grata.
 
Que projectos, ligados ao atletismo, tens para o futuro?
 
Como te disse não posso fazer projectos, mas penso ficar ligada ao Atletismo de alguma forma.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024 – 05:02:06

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