Decorriam os dias e eu ainda não havia tido a oportunidade de cumprir um dos objectivos a que me tinha proposto: uma foto de “família” com a lenda viva da orientação, o finlandês Luntamo.
Para a segunda jornada de distância longa, fiz questão de chegar mais cedo, no intuito de dar uma volta pelo recinto e conseguir apanhá-lo disponível, dado que ele seria dos primeiros a partir e provavelmente já estaria no aquecimento (sentadinho ao sol, hehe). Duma simpatia extrema e denotando um certo à vontade (de quem já passou “n” vezes pela situação), prontamente se dispôs a sorrir para o boneco, desejando-me amavelmente “a good race!”. Não podia ansiar melhor “padrinho” para a prova de “tira teimas” que iria realizar de seguida.
Depois do desastre da pretérita eliminatória, não tinha nada a perder e o pequeno gesto de Luntamo poderia funcionar como uma “bênção” para a prestação do “espécie”. Não custava nada acreditar, não acham? E para reforçar a cadeia de fluidos positivos, dou de caras com outro dinossauro dos “90`s”, o sueco Rune Haraldsson e…flash, mais uma para a colecção. Psicologicamente sentia-me recuperado, o resto íamos ver.
Novamente uma etapa de 7.200 metros, no mesmo mapa, com um desnível ligeiramente inferior à anterior e duas dezenas de pontos para controlar, o que dava a ideia de um percurso idêntico, mas cada prova tem a sua história e esta não iria fugir à regra.
Fiz de conta que nunca tinha passado por aquelas paragens, para não cair no mesmo erro de menosprezar o mapa, mesmo tendo em conta que desta vez tinha sido “abençoado” e nada de maléfico me poder acontecer. As características do terreno não se alteraram, mas a área a percorrer, localizada a sul da do dia transacto, apresentava zonas muito mais limpas e com elevações menos pronunciadas (dispensaram as belas e altaneiras dunas), dando origem a aceleradas provas de corta mato, que nem uns prismas laranjas pelo meio vieram atrapalhar (excessos de velocidade, parte dois).
Tecnicamente tive um comportamento bastante positivo, embora tendo optado, numa ou noutra ocasião, por progressões seguras (sinónimo de perda de tempo), de modo a evitar atascanços recentes. Não desatinei com nenhum ponto, mas o desgaste a que fui sujeito no primeiro dia e as toneladas de areia que me atafulharam as sapatilhas, limitaram-me o andamento e ao finalizar em 1:18:32 (que eu supunha ser um tempo mediano), sou confrontado com uma desagradável surpresa (e nem estava distraído, hehe).
Apesar de realizar um percurso satisfatório, constato que a rapaziada da minha manga andou muitíssimo mais rápida (a maior parte abaixo da uma hora), relegando-me para um lugar a roçar a “lanterninha”. Realidades que me deixam completamente estarrecido (de boca aberta), pois posso-vos afirmar com toda a convicção de “espécie”, que melhor era impossível. Se não consegui correr mais, não encontrei problemas técnicos pelo caminho e ainda estava sob o efeito da bênção do nosso guru, que raio de combustível é que os tipos utilizaram para me deixarem a “milhas”? (bem os vi a enfardar “jarros” de cerveja, hehe)
É caso para dizer que não percebo mesmo nada disto (verdade nua e crua). Então hoje que não pastei nadinha, dei com os pontos logo à primeira, desenrasquei umas corriditas, faço um tempo bem superior ao dia anterior e atiram-me para um lugar que ninguém quer? Na primeira jornada, fartei-me de cometer “asnices”, atasquei forte e feio, apanho com quase duas horas de castigo e obtenho uma classificação bem melhor?
Mau…mau, mau…temos aqui mistério ou hoje sonhei que corri e na realidade limitei-me a passear? - “Os insondáveis enigmas da Orientação!”.