No decurso duma prova aberta e do desporto escolar, na região de Viana do Castelo e numa altura em que ainda participava nos escalões abertos, juntamente com a minha mulher, passou-se mais um episódio, que teve tanto de caricato, no que as provas duma espécie de orientista são férteis, como de desorientação.
O percurso estava a ser caracterizado por intensa “actividade pastoral”. Era um daqueles dias (e não seriam todos?), em que os pontos surgiam sempre ao lado. A paciência esgotava-se, a sensação de frustração ia aumentando e a impotência (técnica….seus marotos) de que contra factos não há argumentos, era uma dura realidade.
Já não sabíamos que táctica utilizar. Se “maria vai com as outras”, se azimutes (o que quer que isso fosse) ou se um para cada lado e fé em Deus. Quem chegasse primeiro ao ponto, dava sinal. E esta última opção pareceu ser a mais adequada. Pelo menos fomos encontrando os “laranjinhas”, com muita “pastagem”, mas lá íamos dando conta do recado.
Agora só faltava mais um ponto para o 200. Mas que raio, este parecia ser ainda mais “fugidio” do que os outros (estaria no mapa?). Separamo-nos novamente, ficando a minha mulher, um pouco atrás, com uma senhora que transportava um bebé e que já nos acompanhava há algum tempo (a chamada solidariedade na desgraça). Depois de muito esforço, o bendito ponto foi encontrado. Viro-me para chamar a minha parceira de desdita e… oh diabo! Onde é que ela se meteu? (e luras de coelhos não faltavam)
Eu, sob um stress aflitivo, pois queria terminar a loooonga prova, tinha perdido a mulher (se fosse a bússola era mais fácil de explicar). “Arranjei a bonita, logo agora!” Comecei a assobiar e a berrar por ela (blasfémia no reino da orientação!). Toda a malta que passava era alvo de acérrimo interrogatório (nem os craques escapavam). Os minutos a passar e dela nem rasto. Subo, desço, passo o ribeiro, galgo um muro, caio de outro, esmurro um joelho, volto ao mesmo local, uma autêntica barata tonta. Estava desnorteado na verdadeira acepção, porque o norte, para mim já ficava em qualquer lado. Devo ter feito uma figurinha do pior, ao infringir quase todas as regras (do bom senso) da modalidade, mas felizmente nem deu para me aperceber. O que o pessoal não deve ter gozado. Mais valia afixar um anúncio num daqueles pinheiros, do tipo “dão-se alvíssaras” a quem encontrar a “minha” mulher. Podia ter concluído a prova e ela que se desenrascasse. Mas um casal de espécie de orientistas que se preze não tem dessas atitudes egoístas, porque um dos lemas é “a uma desgraça nunca vás só” (e o espectro do rolo da massa está sempre presente).
No momento em que me encontrava num estado pouco menos que apoplético, avisto a senhora do bebé a conversar com a “procurada” (tinham passado “apenas” quinze minutos!), na maior das calmas, todas sorridentes. “Então? Nunca mais aparecias. Pensei que te tinhas perdido.” – disse ela. Grrrr….quase esmaguei os dentes de fúria. Mas “bolinha baixa”, afinal tinha encontrado a minha mulher e, a companheira do “passeio” tinha-lhe dado uma nova receita de pudim “Abade de Priscos”. De imediato foi decretado perdão com absolvição.