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O Céu de Sacadura

 

No âmbito das Comemorações do  Centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul , efectuada em março / junho de 1922 por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o Museu da Marinha e a Marinha do Tejo levaram a efeito no Pavilhão das Galeotas, uma peça teatral, ao estilo tragicomédia ambígua, da autoria de Luísa Costa Gomes e cuja representação esteve a cargo do Clube de Teatro da ESSA  do Agrupamento de Escolas de Sto. André, Barreiro.
 

Estiveram presentes no evento, Altas patentes da  Marinha, o Director Geral de Artes do Ministério da Cultura, Mestre Américo Rodrigues que em outubro de 2016 na Biblioteca Eduardo Lourenço, na Guarda, com um conjunto de Oficiais da Marinha num Seminário sobre "Lembrança de Sacadura Cabral" fez descobrir esta peça da autora acima mencionada, e que esteve ausente, por motivos profissionais, e o Prof . Fernando Carvalho Rodrigues, Mentor da Marinha do Tejo, e "Pai" do  1ª Satélite Português (POSAT) que nos deu uma entrevista aqui incluída.
 

A peça de teatro " O Céu de Sacadura", foi escrita propositadamente para o Festival dos Cem Dias, por ocasião da EXPO 98 e apresentada no Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de Nuno Carinhas. Foi também levada à cena no Centro Cultural de Celorico da Beira em 2019, pelo recém-criado  grupo de teatro amador local, sob a orientação de Alexandre Sampaio.
 

De realçar que os actores deste espectáculo no Museu da Marinha, Lisboa, são alunos  do 12º ano da referida escola.

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SACADURA CABRAL 
 
 "No frio mar do alheio Norte, 
  Morto, quedou,
  Servo da Sorte infiel que a sorte 
  Deu e tirou.
 
  Brilha alto a chama que se apaga
  A noite o encheu
  De estranho mar que estranha plaga
  Nosso, o acolheu ? 
 
  Floriu , murchou na extrema haste , 
  Jóia do ousar
  Que teve por eterno engaste 
  O céu e o mar."
 
(Fernando Pessoa)
(este poema integra a peça de teatro)

Entrevista ao Prof. Carvalho Rodrigues (CR)

 

AMMA - Qual o significado deste evento aqui no Museu da Marinha ?

CR - O Museu da Marinha junta os artífices , fizeram estas embarcações magníficas , é o Homem que é artista e uma arte que é de utilidade próxima.,e o renovar entre os portugueses ,o gosto por terem um ofício por Mar  , pelo  AR ,  e pelo Espaço , são coisas que dão sempre problemas.

 

AMMA - Vou ler esta descrição sua, dada ao Jornal Tal & Qual :

" teria os meus 09/10 anos de idade quando embarquei  pela 1ª vez numa fragata , mais propriamente ,uma bela falua ,com  uma pequena vela de estai à proa e uma vela latina à ré. Ainda me lembro do som da quilha a cortar as ondas , do vento a despentear-me  e dos salpicos a borrifar-me na popa , ao lado do homem do leme. Pergunto : E agora é o Homem do Leme?

CR  - Não pá , ainda sou moço, isto de ser Homem do Leme e Arrais de uma embarcação, primeiro é preciso conhecer os ventos, as marés, descer o rio, conhecer o mar. Primeiro, a carreira é o moço, depois camarada, depois sóta-arrais e arrais. Arrais é o Homem do Leme. O homem do leme tem uma grande responsabilidade enorme que é o levar as mercadorias, ou o que for, de um porto ao outro, seja que mar houver, seja que correntes houver. Isto só ao fim de muitos anos de fazer e de ver fazer, porque a maior parte do que a gente aprende, a ver os outros e a copiar os outros. Ninguém se iluda que por ter ouvido dizer, sabe. De facto, só sabe quem já fez, e isso, está mesmo a ver que estou muito longe de ser o Homem do Leme.

 

AMMA - Uma pergunta "indiscreta ":  Sabe nadar?

CR -  Sei, embora as embarcações sejam feitas para andarmos dentro delas, não para andar fora, (ah ,ah ,ah ,ah ,).

AMMA---  Foi o impulsionador da Marinha do Tejo. De que Marinha se trata e porquê Tejo?

 

CR -  O Tejo tinha milhares de embarcações e quer na guerra de 1385, quer nas Invasões Francesas, os barcos do Tejo foram armados com canhões e defenderam o rio, aliás, os franceses teriam vindo pelo rio abaixo, conquistado Lisboa, se não fossem estas embarcações do Tejo que tinham um canhão à proa e outro à popa e foram pela primeira vez distribuídos misseis "CONGRESS", e dos primeiros ataques, água, terra, feitos no mundo, foi no dia 26 de novembro de 1810, do Tejo a Santarém. Foi nesse dia que os franceses perderam a "guerra" e os jornais começaram a chamar e a  publicar, Marinha do Tejo. A Marinha do Tejo tem uma vantagem, é que só há uma hierarquia: a do saber!

 

AMMA - Não é preciso ir à tropa ?

CR -   Não, isto funcionava como aquela Falange dos Macedónios -  todos somos amigos, e uma vez decidido o rumo...!

 

AMMA - É considerado o "PAI" do 1º  satélite português "POSAT". Depois desta paixão pelo Mar, agora, já há alguns anos, é o fascínio pelo Espaço?

CR- É tudo junto.  Eu  vivo em Casal de Cinza e passados estes três quartos de século, (75) agora o que faço, é , escrevo, tenho pessoas que fazem doutoramentos comigo, passam uns tempos aqui nestas universidades e lá dedico-me a criar burros mirandeses e vacas jarmelistas. A vaca jarmelista é uma vaca muito especial, porque é a única construção na biodiversidade que o Homem fez em equilíbrio para a  continuação da raça.

 

AMMA - Acredita em OVNIS?

CR - Não é assunto de Ciência, mas há muita gente que diz que os viu, e por uma verdade, ser uma verdade privada, não deixa de ser menos verdade que uma verdade pública. A Ciência só trata de Verdades Públicas.

 

Texto e Fotos: José Carlos Pinto

 

 

(Clique na imagem para visualizar a fotorreportagem)

 

 

 

 

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025 – 05:42:36

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