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1º Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul

 

NDR: O texto infra foi inicialmente publicado em 30 de Março de 2022, mas por motivos técnicos o mesmo não ficou visível para a totalidade dos nossos leitores. Faço ao exposto republicamos o mesmo apresentando as nossas desculpas aos leitores que estavam privados desta magnífica peça.

 

1º Centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul

 

Há precisamente cem anos , 30 de Março de 1922 , às sete horas daquela  manhã  um pouco fria , chuvosa  e bastante ventosa ,e na presença  de pouco mais de uma centena de curiosos, descola frente à Torre de Belém o hidroavião "LUSITÂNIA". Estava assim dado o primeiro passo para o que seria  a maior aventura desde então, navegando no ar e com a intenção de fazer a  travessia até ao Rio de Janeiro.

 

Ao comando da aeronave, dois homens, já calejados em experiências, Carlos Viegas Gago Coutinho e Arthur Freire de Sacadura Cabral.

 

A viagem  duraria  mais tempo que o previsto, tendo sido necessário utilizar três aparelhos durante o trajeto visto os dois primeiros terem ficado pelo caminho, o acima descrito e depois o " FAREY 17”, completando esta aventura o hidroavião "SANTA CRUZ".

 

Este avião, depois da devida reparação e manutenção, faz parte  do espólio da Travessia Aérea  e está exposto no Museu da Marinha em Lisboa.

 

No relatório da viagem aérea, e na altura publicado na Revista AERONÁUTICA, Órgão do Aero Clube de Portugal (F.A.I.) Lisboa - MCMXXII (1922) pode ler-se o seguinte:

RESUMO da VIAGEM

 

"As distâncias percorridas, os tempos gastos em percorrer, e as velocidades médias obtidas, foram:

Total:

62h 26m      4527 milhas

 

O autor deste gráfico, Sacadura Cabral, publicado na página 43 da referida Revista, sente-se, assim,  bastante honrado pelos números apresentados porque "descontando ao tempo total de voo as 160 milhas percorridas desde os Penedos  até ao ponto onde fomos obrigados a pousar por panne encontramos que foram percorridas 4367 milhas em 60 horas e  14 minutos a uma velocidade média de 72,5 milhas ou 133 quilómetros à hora. Antes de partir de Lisboa calculara que o trajeto se faria em cerca de 60 horas. Vê-se que não me enganei muito !!! "

 

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QUEM SÃO OS HERÓIS DA TRAVESSIA

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CARLOS VIEGAS GAGO COUTINHO

... "Nasci em Belém, subúrbios de Lisboa , em 17 de fevereiro de 1869.

 Meu pai era um homem de reduzida educação literária. Só a primária, mas conhecia escrita  comercial, em que praticava. Sargento de mar-e-guerra até 1873, serviu na nau Vasco da Gama e na Fragata D. Fernando. Era homem alto, desempenhado, bem branco .

Meu pai esteve uns anos no Amazonas , até à crise de 1886, data em que voltou para Luanda, onde esteve até 1918, falecendo em Lisboa com 93 anos.

Meus avós eram livreiros em Faro.

De minha mãe, senhora pequena, morena, algarvia, filha de padeiros, e que devia ter ascendência moura, nada mais sei a não ser que um irmão dela era patrão de um caíque da costa e várias vezes o vi visitar a irmã em Belém.

Desde os oitos anos que foi minha mãe adoptiva uma amiga da minha mãe, D. Maria Augusta Pereira, falecida em 1914.

Quanto aos meus Gagos, só sei que são de Alportel, no Algarve, onde  tenho primos afastados. Creio que um deles emigrou para a Argentina. Se algum antepassado veio para o Brasil, não sei. Quanto aos Gagos dos Açores ignoro se serão meus parentes afastados ".

 

Esta, a descrição do Almirante Gago Coutinho, dada a Pinheiro Correia, piloto-aviador  e autor do livro "Gago Coutinho - Precursor da navegação aérea" impresso nas Oficinas gráficas da Comp. Nacional Editora no dia 17 de junho de 1965, ano do 43º aniversário da chegada do "LUSITÂNIA" ao Rio de Janeiro .

Quem também e tão bem conheceu Gago Coutinho, sabe que o Almirante era 100 %  um homem simples e pouco ou nada dado a protagonismos nem deslumbramentos, antes uma camaradagem e sinceridade rara, como  Mário Costa Pinto, jornalista, sobretudo em  assuntos  respeitantes à Aviação Portuguesa tendo publicado os livros "HISTÓRIA BREVE DA AVIAÇÃO PORTUGUESA" ( Editorial Verbo , 1960 ) e "DIÁLOGO com GAGO COUTINHO" ( Editorial Verbo - 1965 ).

 

O Almirante gostava muito de ler e escrever os seus Pensamentos para o seu diário pessoal:

 

« A mulher bonita só é interessante quando o não sabe;

Quando a gente chega a velho, e começa a saber alguma coisa da vida , é que acaba e morre;

Elas só pensam em nós. Nós pensamos nelas e em muitas mais. Daí a nossa inferioridade...

A mentira é a arma da mulher. A literatura é a arte da mentira: logo as mulheres, são mais próprias do que o homem para fazer literatura;

Foram os homens que inventaram a ficção do amor. Já a esqueceram e agora tomam a sério a sua grande invenção...;

Há gente que pretende ser amada pelas mulheres de graça, mas então de que hão-de elas viver?"

 

Após o feito glorioso  já consumado, Portugal preparou  a chegada dos aviadores com devida  pompa e circunstância começando por os saudar frente à Torre de Belém com uma rajada de 21 tiros, compassadamente, a partir do velho forte do Bom Sucesso em honra da bandeira nacional que vem içada, orgulhosamente, no mastro grande do Paquete Porto.

 

Ribomba a artilharia em terra numa dupla saudação à Marinha. O Castelo de S. Jorge  assinala o desembarque com uma salva de tiros  que movimenta a cidade ainda mais.

 

Depois da Continência geral aos Heróis - Grã-Cruzes da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito os aviadores dirigem-se para a Câmara Municipal de Lisboa, onde no Salão Nobre iriam receber as Honras da Cidade.

 

Uma outra confidência dada ao autor do livro e na contracapa do mesmo, extraio o  seguinte: " Para se ver até que ponto o Almirante  guardava uma invulgar modéstia - timbre dos grandes homens - nada melhor do que estas palavras: "... eu sou um homem de café. Em toda a minha vida sempre fui simples. Quiseram fazer de mim uma outra pessoa quando do voo ao Brasil, em 1922. Juntaram-nos no mesmo nome - Coutinho-Cabral - , mas Sacadura era o chefe e o trabalho foi dele quase todo."

O Almirante Gago Coutinho faleceu em Lisboa em 18 de fevereiro de 1959 . O seu corpo foi sepultado em campa rasa no cemitério da Ajuda em Lisboa.

 

ARTHUR DE SACADURA FREIRE  CABRAL

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"Nasceu a 18 de junho de 1881 em Celorico da Beira, vila portuguesa do distrito da Guarda, na província da Beira Alta, região do Centro e sub-região das Beiras e Serra da Estrela.

 

Tendo ingressado na Marinha em 1897 como aspirante, e frequentado a Escola Naval, foi o primeiro classificado entre trinta e cinco camaradas do seu curso.

 

Foi sucessivamente promovido a segundo-tenente a 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente a 25 de abril de 1918, por, distinção a capitão de fragata em 1922.

 

Durante a sua atividade militar em Moçambique foi «louvado pelo comandante da Divisão Naval do Índico pelo critério, valentia e muita disciplina com que repeliu a agressão ao seu escaler, quando estava sondando nas águas de Angoxe."

 

Tendo passado por várias experiências não só em Moçambique mas também em Angola, "considerado engenheiro geógrafo completo", Sacadura, era visto como "o elemento indispensável para qualquer trabalho de precisão e responsabilidade, tais como as observações astronómicas do Observatório ou ainda o reconhecimento da fronteira de Lunda."

 

Em 1915 Sacadura Cabral regressou à Metrópole e concorreu à Aviação". (do livro " Sacadura Cabral - Homem e Aviador", - autor Pinheiro Correia - Bertrand Irmãos-1964).

 

Em março de 1922, na doca do Bom Sucesso, em Lisboa, estes dois aviadores iriam fazer a mais extraordinária aventura pelo ar: A 1ª TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL, ligando estes dois países irmãos. PORTUGAL-BRASIL.

 

Sacadura Cabral faleceu a 15 de novembro de 1924, aquando do regresso a Lisboa, a bordo do hidroavião "Fokker 4146", vindo de Amesterdão, o aparelho perdeu o contacto com os outros dois "Fokker" da mesma equipa de aviadores, tendo desaparecido no Mar do Norte devido ao mau tempo. O corpo nunca foi encontrado.

 

Por último - O reconhecimento do meu pai (Mário Costa Pinto, jornalista e autor do livro: “Diálogo com Gago Coutinho”) ao autor destas linhas, em março de 1960, altura em que (eu) já andava com a "CABEÇA NO AR"!

 

TODO O MATERIAL DIDÁTICO  (LIVROS )  AQUI APRESENTADO FAZEM PARTE DA MINHA COLEÇÃO PARTICULAR !!!     

 

Reportagem: José Carlos Pinto

 

1ª  Monumento alusivo à Travessia Aérea Do Atlântico Sul

2ª Réplica do avião  Sta. Cruz , em Lisboa

3ª Avião Sta. Cruz (original) exposto no Museu da Marinha (M.M.)-Lisboa

4ª Busto dos aviadores

5ª   Sextante ,aparelho de navegação, modificado por Gago Coutinho para a Viagem  ( M.M.)

6ª Máquina fotográfica de Gago Coutinho ,utilizada na Viagem (M.M.)

  

7ª Réplica em miniatura do avião Sta. Cruz (M.M.)

  

8ª Cartaz (M.M.)

  

9ª Livro publicado após a Viagem- 1922)

  

10ª Relatório da Viagem - Publicação do Aero Clube de Portugal

  

11ª Livro publicado pouco antes da morte do Almirante Gago Coutinho

  

12ª A última entrevista dada à Comunicação Social por Gago Coutinho

  

13ª Livro sobre  Sacadura Cabral (Pinheiro Correia - Piloto-Aviador)

  

14ª Foto autografada dos Heróis do Ar

  

15ª Livro Gago Coutinho (Pinheiro Correia)

  

16ª O pensamento de uma das suas frases-autografada)

  

17ª Capa do livro sobre o Almirante

  

18ª Capa do livro sobre o Almirante

19ª Revista NG versando o tema em questão

20ª Revista Visão  sobre o mesmo tema

21ª/22ª e 23ª  - Reprodução de notas do Banco de Portugal, com as esfinges dos aviadores 

24ª Foto do momento da partida em Lisboa de um dos aviões utilizados na Travessia Aérea

25ª Livro sobre Gago Coutinho ofertado ao autor destas linhas pelo jornalista (e meu pai) Mário Costa Pinto, reconhecendo o meu interesse pelo Almirante , enquanto  piloto, Navegador e Herói desta Travessia Aérea do Atlântico Sul. 

  

26ª Gago Coutinho e Sacadura Cabral num momento de pausa

27ª Dois livros, um destino: BRASIL!

  

28ª O meu cartão  de associado do Aero Clube de Portugal, tendo por fundo os dois Aviadores Portugueses

29ª Página de um livro ,estilo desenho, sobre a Viagem

30ª Página do Jornal Diário de Notícias recordando o andamento da Viagem

31ª Moedas comemorativas emitidas pela Casa da Moeda, relativas ao Centenário da Travessia Aérea

  

32ª  Mural alusivo ao evento ,pintado na parede exterior do Museu do Ar, em Alverca do Ribatejo

  

33ª Busto  de Sacadura Cabral  (M.M.)

  

34ª/41ª Cartazes em exposição no Museu do Ar, em Alverca

42ª - A comparação de tamanhos  de três livros (da minha coleção). O da esquerda, no ecrã, é um livro sobre a Travessia e tem de envergadura 6X4 cm e 16 páginas, escrito em francês

43ª Livro sobre a Viagem Centenária

  

44ª Artigo publicado no jornal "o Setubalense"

45ª Artigo publicado no jornal Diário de Notícias sobre o evento.

 

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terça-feira, 16 de abril de 2024 – 05:32:01

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